Mostrar código-fonte de Sífilis

{{Info/Patologia
| Nome = Sífilis
| Imagem = Treponema pallidum.jpg
| Legenda = Micrografia eletrónica da bactéria ''Treponema pallidum''
| Especialidade   = [[Infectologia]]
| Sintomas        = [[Úlcera]] na pele indolor, firme e não [[pruriginosa]]<ref name=CDC2015Fact/>
| Complicações    = 
| Início          = 
| Duração         = 
| Causas          = ''Treponema pallidum'' geralmente transmitido por via sexual<ref name=CDC2015Fact/>
| Riscos          = 
| Diagnóstico     = [[Análises ao sangue]], [[microscopia de campo escuro]] do fluido infetado<ref name=CDC2015Fact/><ref name=Kent08/>
| Diferencial     = Diversas doenças<ref name=CDC2015Fact/>
| Prevenção       = [[Preservativo]], [[abstinência sexual]]<ref name=CDC2015Fact/>
| Tratamento      = [[Antibiótico]]s<ref name=CDC2015Tx/>
| Medicação       = 
| Frequência      = 45,4 milhões / 0,6% (2015)<ref name=GBD2015Pre/>
| Mortes          = {{formatnum:107000}} (2015)<ref name=GBD2015Death/>
| CID10 = {{CID10|A|50||a|50}}-{{CID10|A|53||a|50}}
| CID9 = {{CID9|090}}-{{CID9|097}}
| ICDO =
| OMIM =
| DiseasesDB = 29054
| MedlinePlus = 000861
| eMedicineSubj = med
| eMedicineTopic = 2224
| eMedicine_mult = {{eMedicine2|emerg|563}} {{eMedicine2|derm|413}}
| MeshID = D013587 |
}}
<!-- Definição e sintomas -->
'''Sífilis''' é uma [[infeção sexualmente transmissível]] causada pela subespécie ''pallidum'' da [[bactéria]] ''[[Treponema pallidum]]''.<ref name=CDC2015Tx>{{citar web|título=Syphilis|url=http://www.cdc.gov/std/tg2015/syphilis.htm|website=CDC|acessodata=3 de fevereiro de 2016|data=4 de junho de 2015}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Peeling|primeiro=Rosanna W.|ultimo2=Mabey|primeiro2=David|ultimo3=Kamb|primeiro3=Mary L.|ultimo4=Chen|primeiro4=Xiang-Sheng|ultimo5=Radolf|primeiro5=Justin D.|ultimo6=Benzaken|primeiro6=Adele S.|data=2017-10-12|titulo=Syphilis|jornal=Nature Reviews Disease Primers|volume=3|issn=2056-676X|doi=10.1038/nrdp.2017.73|url=http://www.nature.com/articles/nrdp201773|idioma=en}}</ref> Os sinais e sintomas variam dependendo de qual dos quatro estádios em que se manifestam: primário, secundário, latente e terciário. O sintoma clássico do estádio primário é um sifiloma no local da infeção — uma [[úlcera]] na pele que é indolor, firme e não [[pruriginosa]]. No estádio secundário aparece uma erupção cutânea difusa, geralmente nas palmas das mãos e dos pés, e podem aparecer úlceras na boca ou na [[vagina]]. No estádio latente, que pode durar vários anos ou décadas, não se manifestam sintomas.<ref name=CDC2015Fact/> No estádio terciário podem aparecer formações não cancerígenas denominadas gomas e sintomas neurológicos ou cardíacos.<ref name=Kent08>{{citar periódico|vauthors=Kent ME, Romanelli F |título=Reexamining syphilis: an update on epidemiology, clinical manifestations, and management |periódico=Annals of Pharmacotherapy |volume=42 |número=2 |páginas=226–36 |data=Fevereiro de 2008 |pmid=18212261 |doi=10.1345/aph.1K086 |url=}}</ref> A sífilis pode causar sintomas semelhantes a várias outras doenças.<ref name=CDC2015Fact>{{citar web|título=Syphilis - CDC Fact Sheet (Detailed)|url=http://www.cdc.gov/std/syphilis/stdfact-syphilis-detailed.htm|website=CDC|acessodata=3 de fevereiro de 2016|data=2 de novembro de 2015}}</ref><ref name=Kent08/>

<!-- Causa e diagnóstico -->
A sífilis é transmitida principalmente através de [[contacto sexual]].<ref name=CDC2015Fact/> Pode também ser transmitida de mãe para filho durante a [[gravidez]] ou [[parto]], causando [[sífilis congénita]].<ref name=CDC2015Fact/><ref name=Wood09>{{citar periódico|autor =Woods CR|título=Congenital syphilis-persisting pestilence|periódico=Pediatr. Infect. Dis. J. |volume=28 |número=6 |páginas=536–7 |data=Junho de 2009 |pmid=19483520|doi=10.1097/INF.0b013e3181ac8a69 |url=}}</ref> Entre outras doenças humanas causadas por subespécies da bactéria ''Treponema pallidum'' estão a [[bouba]] (subespécie ''pertenue''), [[Pinta (doença)|pinta]] (subespécie ''carateum'') e [[bejel]] (subespécie ''endemicum'').<ref name=Kent08/> O diagnóstico é geralmente confirmado com [[análises ao sangue]]. A bactéria pode também ser detetada com [[microscopia de campo escuro]]. O rastreio é recomendado durante a [[gravidez]].<ref name=CDC2015Fact/>

<!-- Prevenção e tratamento -->
O risco de contrair sífilis pode ser diminuído com a utilização de [[Preservativo|preservativos de látex]] ou com a abstinência sexual.<ref name=CDC2015Fact/> O tratamento com [[antibiótico]]s é eficaz. O antibiótico de escolha na maioria dos casos é a [[benzilpenicilina benzatina|penicilina G benzatina]] por [[Injeção intramuscular|via intramuscular]]. Em pessoas com alergia à penicilina, podem ser usadas [[doxiciclina]] e [[tetraciclina]]. Em pessoas com [[neurossífilis]], é recomendada a administração de [[Benzilpenicilina|penicilina G potássica]] ou [[ceftriaxona]]. Durante o tratamento, as pessoas podem desenvolver [[febre]], [[Cefaleia|dores de cabeça]] e [[Mialgia|dores musculares]], uma reação denominada [[Reação de Jarisch-Herxheimer|Jarisch-Herxheimer]].<ref name=CDC2015Tx/>

<!-- Epidemiologia, história e cultura -->
Em 2015, cerca de 45,4 milhões de pessoas estavam infetadas com sífilis,<ref name=GBD2015Pre>{{citar periódico|último1 =GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence|primeiro1 =Collaborators.|título=Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.|periódico=Lancet|data=8 de outubro de 2016|volume=388|número=10053|páginas=1545–1602|pmid=27733282|doi=10.1016/S0140-6736(16)31678-6|pmc=5055577}}</ref> tendo-se no mesmo ano registado cerca de 6 milhões de novas infeções.<ref name=New2015>{{citar periódico|último1 =Newman|primeiro1 =L|último2 =Rowley|primeiro2 =J|último3 =Vander Hoorn|primeiro3 =S|último4 =Wijesooriya|primeiro4 =NS|último5 =Unemo|primeiro5 =M|último6 =Low|primeiro6 =N|último7 =Stevens|primeiro7 =G|último8 =Gottlieb|primeiro8 =S|último9 =Kiarie|primeiro9 =J|último10 =Temmerman|primeiro10 =M|título=Global Estimates of the Prevalence and Incidence of Four Curable Sexually Transmitted Infections in 2012 Based on Systematic Review and Global Reporting.|periódico=PLOS ONE|data=2015|volume=10|número=12|páginas=e0143304|pmid=26646541|doi=10.1371/journal.pone.0143304|pmc=4672879}}</ref> Em 2015, a doença foi a causa de {{formatnum:107000}} mortes, uma diminuição em relação às {{formatnum:202000}} em 1990.<ref name=GBD2015Death>{{citar periódico|último1 =GBD 2015 Mortality and Causes of Death|primeiro1 =Collaborators.|título=Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.|periódico=Lancet|data=8 de outubro de 2016|volume=388|número=10053|páginas=1459–1544|pmid=27733281|doi=10.1016/s0140-6736(16)31012-1|pmc=5388903}}</ref><ref name=Loz2012>{{citar periódico|último =Lozano|primeiro =R|título=Global and regional mortality from 235 causes of death for 20 age groups in 1990 and 2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010.|periódico=Lancet|data=15 de dezembro de 2012|volume=380|número=9859|páginas=2095–128|pmid=23245604|doi=10.1016/S0140-6736(12)61728-0|hdl=10536/DRO/DU:30050819}}</ref> Depois da prevalência ter diminuído drasticamente com a introdução da [[penicilina]] na década de 1940, desde o início do {{séc|XXI}} que as taxas têm vindo a aumentar em muitos países, muitas vezes a par do [[vírus da imunodeficiência humana]] (VIH).<ref name=Kent08/><ref name=Music08>{{citar periódico|último =Franzen|primeiro =C|título=Syphilis in composers and musicians--Mozart, Beethoven, Paganini, Schubert, Schumann, Smetana|periódico= [[European Journal of Clinical Microbiology & Infectious Diseases]] |data=Dezembro de 2008|volume=27|número=12|páginas=1151–7|pmid=18592279|doi=10.1007/s10096-008-0571-x}}</ref> Pesquisas recentes na [[China]] indicam que a causa é um aumento da [[promiscuidade]] e da [[prostituição]], da diminuição da utilização de preservativos e de práticas sexuais desprotegidas entre [[Homossexualidade|homens homossexuais]].<ref name="Coffin2010">{{citar periódico|último1 =Coffin |primeiro1 =L. S. |último2 =Newberry |primeiro2 =A. |último3 =Hagan |primeiro3 =H. |último4 =Cleland |primeiro4 =C. M. |último5 =Des Jarlais |primeiro5 =D. C. |último6 =Perlman |primeiro6 =D. C. |título=Syphilis in Drug Users in Low and Middle Income Countries |periódico=The International journal on drug policy |data=Janeiro de 2010 |volume=21 |número=1 |páginas=20–7 |pmid=19361976 |doi=10.1016/j.drugpo.2009.02.008 |pmc=2790553}}</ref><ref name="Gao2009">{{citar periódico|último =Gao|primeiro =L|autor2 =Zhang, L |autor3 =Jin, Q |título=Meta-analysis: prevalence of HIV infection and syphilis among MSM in China|periódico=Sexually transmitted infections|data=Setembro de 2009|volume=85|número=5|páginas=354–8|pmid=19351623|doi=10.1136/sti.2008.034702}}</ref><ref name="Karp2009">{{citar periódico|último =Karp|primeiro =G|autor2 =Schlaeffer, F |autor3 =Jotkowitz, A |autor4 =Riesenberg, K |título=Syphilis and HIV co-infection|periódico=European journal of internal medicine|data=Janeiro de 2009|volume=20|número=1|páginas=9–13|pmid=19237085|doi=10.1016/j.ejim.2008.04.002}}</ref> Entretanto, estudos mais recentes indicam que a infecção entre os profissionais do sexo não é maior que entre os homossexuais e bissexuais em geral.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Chow|primeiro=Eric P. F.|ultimo2=Iu|primeiro2=Ka I.|ultimo3=Fu|primeiro3=Xiaoxing|ultimo4=Wilson|primeiro4=David P.|ultimo5=Zhang|primeiro5=Lei|data=2012-11-29|titulo=HIV and Sexually Transmissible Infections among Money Boys in China: A Data Synthesis and Meta-Analysis|jornal=PLOS ONE|volume=7|numero=11|paginas=e48025|issn=1932-6203|pmid=23209551|doi=10.1371/journal.pone.0048025|url=http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0048025|acessadoem=|citação=HIV/STI epidemics have affected Chinese MBs but the evidence suggests that the extent of infections is not greater than among other MSM in China.}}</ref> Em 2015, [[Cuba]] foi o primeiro país a erradicar a transmissão de sífilis entre mãe e filho.<ref name=WHOCUba2015>{{citar web| url =http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2015/mtct-hiv-cuba/en/|título=WHO validates elimination of mother-to-child transmission of HIV and syphilis in Cuba|publicado=[[WHO]]|data=30 de junho de 2015|acessodata=30 de agosto de 2015}}</ref>
{{TOC limit|3}}

== Sinais e sintomas ==
A sífilis pode apresentar em um dos quatro diferentes estádios: primária, secundária, latente e terciária,<ref name=Kent08/> e também pode ocorrer de forma congênita. Foi referida como "a grande imitadora" por Sir William Osler devido às suas variedade de apresentações.<ref name="AlexisBarbosa2012">Andrew Alexis; Victoria H. Barbosa. ''[http://books.google.com/books?id=fvUADCEt31MC&pg=PA101 Skin of Color: A Practical Guide to Dermatologic Diagnosis and Treatment]''. Springer; 2012. ISBN 978-0-387-84928-7. p. 101.</ref>

=== Sífilis primária ===
[[Imagem:Manifestations of secondary syphilis Treponema pallidum 6539 lores.jpg|thumb|Lesões na pele no sífilis secundária]]
A sífilis primária é normalmente adquirida por contato sexual direto com as lesões infecciosas de outra pessoa.<ref name=RedBookSyphilis>{{citar livro|autor =Committee on Infectious Diseases |editor = Larry K. Pickering |título=Red book 2006 Report of the Committee on Infectious Diseases|ano=2006|páginas=631–44|publicado=American Academy of Pediatrics|local=Elk Grove Village, IL|isbn=978-1-58110-207-9|edição=27th}}</ref> Cerca de 3 a 90 dias após a exposição inicial (média de 21 dias) uma lesão de pele, chamado de [[cancro]], aparece no ponto de contato.<ref name=Kent08/> Esta é classicamente (40% das ocorrências) uma única ulceração da pele firme, indolor, que não coça com uma base limpa e bordas nítidas entre 0,3 e 3,0&nbsp;cm de tamanho.<ref name=Kent08/> A lesão, no entanto, pode assumir praticamente qualquer formato.<ref name=Pri2008>{{citar periódico|último =Eccleston|primeiro =K|autor2=Collins, L, Higgins, SP|título=Primary syphilis|periódico=International journal of STD & AIDS|data=março de 2008|volume=19|número=3|páginas=145–51|pmid=18397550|doi=10.1258/ijsa.2007.007258}}</ref> Na forma clássica, a lesão evolui a partir de uma [[mácula]] para uma [[pápula]] e, finalmente, para uma erosão ou úlceração.<ref name=Pri2008/> Ocasionalmente, lesões múltiplas podem estar presentes (~ 40%),<ref name=Kent08/> com múltiplas lesões sendo mais comuns quando co-infectadas com o HIV.<!-- Pri2008 --> As lesões podem ser dolorosas ou leves (30%),<!-- Pri2008 --> e podem ocorrer fora dos órgãos genitais (2–7%).<!-- Pri2008 --> A localização mais comum nas mulheres é o [[colo do útero]] (44%), o [[pénis]] em homens heterossexuais (99%) e em homens homossexuais no [[ânus]] e [[intestino reto]] (34%).<ref name=Pri2008/> É comum o aumento de tamanho de [[linfonodos]] (80%) na região próxima da área afetada,<ref name=Kent08/> ocorrendo sete a 10 dias após a formação do cancro.<ref name=Pri2008/> A lesão pode persistir durante de 3 a 6 semanas sem tratamento.<ref name=Kent08/>

=== Sífilis secundária ===
[[Imagem:Secondary syphilis-palmar rash.PNG|thumb|A apresentação típica da sífilis secundária é uma erupção cutânea nas palmas das mãos e plantas dos pés]]
A sífilis secundária é a sequência [[lógica]] da sífilis primária não tratada e é caracterizada por uma [[Exantema|erupção cutânea]] que aparece de 1 a 6 meses (geralmente 6 a 8 semanas) após a lesão primária ter desaparecido. Esta erupção é vermelha rosácea e aparece [[simetria|simetricamente]] no [[Tronco (anatomia)|tronco]] e [[membros]], e, ao contrário de outras [[doença]]s que cursam com erupções, como o [[sarampo]], a [[rubéola]] e a [[catapora]], as lesões atingem também as palmas das mãos e as solas dos pés. Em áreas úmidas do corpo se forma uma erupção cutânea larga e plana chamada de ''condiloma lata,'' ou condiloma plano.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Von Glehn|primeiro=Mateus De Paula|ultimo2=Silva|primeiro2=Andrea De Morais Garay|ultimo3=Reis|primeiro3=Leandro Junio Barreto Dos|ultimo4=Machado|primeiro4=Eleuza Rodrigues|titulo=SÍFILIS SECUNDÁRIA E DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA|jornal=Revista de Patologia Tropical|volume=44|numero=2|doi=10.5216/rpt.v44i2.36652|url=http://www.revistas.ufg.br/index.php/iptsp/article/view/36652}}</ref> Manchas tipo placas também podem aparecer nas mucosas genitais ou orais. O paciente é muito contagioso nesta fase.

Os sintomas gerais da sífilis secundária mais relatados são mal-estar (23%-46%), [[cefaleia]] (9%-46%), [[febre]] (5%-39%), [[prurido]] (42%) e [[hiporexia]] (25%). Outros, menos comuns, são dor nos olhos, dor óssea, [[artralgia]], [[meningismo]], [[irite]] e [[rouquidão]].<ref name="ABDerm82">{{citar jornal | titulo = "Sífilis secundária com acometimento pulmonar" | autor = Ederson Valei Lopes de Oliveira, José Alves Rocha-Filho, Andreia Américo MonteiroI, Eurides Maria de Oliveira Pozzeti, João Roberto Antonio | url = http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962007000200008&tlng=en&lng=en&nrm=iso | jornal = Anais Brasileiros de Dermatologia | volume = 82 | numero = 2 | local = Rio de Janeiro | data = Março-Abril 2007 | doi = 10.1590/S0365-05962007000200008}}</ref>

Sinais mais específicos ocorrem nas seguintes frequências: [[exantema]] (88%-100%), [[linfadenopatia]] (85%-89%), cancro primário residual (25%-43%), [[condiloma]] plano (9%-44%), [[hepatoesplenomegalia]] (23%), placas mucosas (7%-12%) e [[alopecia]] (3%- 11%).<ref name="ABDerm82"/>

A sífilis secundária, algumas vezes conhecida como uma doença de mil-faces, pode apresentar inúmeros sintomas comuns a várias outras doenças como febre baixa em alguns períodos, sudorese intensa ao dormir (infecção crônica)<ref>{{citar web | titulo = Suor noturno pode ser sintoma de sérios problemas de saúde | url = http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3843355-EI8147,00-Suor+noturno+pode+ser+sintoma+de+serios+problemas+de+saude.html | publicado = [[Terra Online]] | data = 25 de junho de 2009 | acessodata = 2009-06-26}}</ref> e manchas avermelhadas pelo corpo. A sífilis secundária também pode ocasionar episódios esporádicos de erupções ulcerativas na pele, de difícil regressão, episódios de [[otite]], episódios de problemas oftalmológicos, episódios de problemas nos rins e episódios de problemas cardiovasculares que muitas vezes surgem e regridem sem a necessidade de nenhum tratamento específico. Outro sintoma importante são dores de coluna e dores de cabeça frequentes, que podem ser indicativos de um quadro de neurossífilis.

Manifestações raras incluem meningite aguda, que acontece em aproximadamente 2% de pacientes, [[hepatite]], [[nefrite|doença renal]], [[gastrite]], [[proctite]], [[colite ulcerativa]], [[artrite]], [[periostite]], [[neurite]] do [[nervo óptico]], [[irite]], e [[uveíte]].<ref name="ABDerm82"/>

=== Sífilis latente ===
Estado tipo portador, em que o indivíduo está infectado e é infeccioso mas não apresenta sintomas significativos.

=== Sífilis terciária ===
[[Imagem:Gumma of nose due to a long standing tertiary syphilitic Treponema pallidum infection 5330 lores.jpg|thumb|Lesão no nariz devidos à sífilis terciária]]
O terceiro estádio da infecção ocorre em um a dez anos, com casos de até 70 anos para que a evolução se manifeste.

Esta fase é caracterizada pela formação de gomas sifilíticas, [[tumorações]] amolecidas vistas na pele e nas membranas mucosas, mas que podem ocorrer em diversas partes do corpo, inclusive no esqueleto. Outras características da sífilis não tratada incluem as [[juntas de Charcot]] (deformidade articular), e as juntas de Clutton (efusões bilaterais do joelho). As manifestações mais graves incluem neurossífilis e a sífilis cardiovascular.

Complicações neurológicas nesta fase incluem a "paralisia geral progressiva" que resulta em mudanças de personalidade, mudanças emocionais, hiper-reflexia e [[pupila de Argyll Robertson|pupilas de Argyll Robertson]], um sinal diagnóstico no qual as [[pupila]]s contraem-se pouco e irregularmente quando os olhos são focalizados em algum objeto, mas não respondem à luz; e também a [[Tabes dorsalis]], uma desordem da [[medula espinhal]] que resulta em um modo de andar característico. Complicações cardiovasculares incluem aortite, [[aneurisma de aorta]], aneurisma do seio de Valsalva, e [[regurgitação aórtica]], uma causa frequente de morte. A aortite sifilítica pode causar o [[sinal de Musset]] (um subir e descer da cabeça acompanhando os batimentos cardíacos, percebido por Musset primeiramente em si próprio).

=== Sífilis congênita ===
{{AP|[[Sífilis congênita]]}}

Sífilis congênita é a sífilis adquirida pelo infanto no útero materno, geralmente quando a mãe é portadora da sífilis em estádio primário ou secundário. De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, 40% dos nascimentos de mães sifilíticas são [[nascidos morto]]s, 40 a 70% dos sobreviventes estão infectados e 12% destes irão morrer nos primeiros anos de vida. É a infecção congênita mais comum no [[Brasil]], acometendo cerca de 1:1.000 nascidos.

Suas manifestações incluem alterações radiográficas, dentes de Hutchinson (incisivos centrais superiores espaçados e com um entalhe central); "molares em amora" (ao sexto ano os molares ainda tem suas raízes mal formadas); bossa frontal; nariz em sela; maxilares subdesenvolvidos; [[hepatomegalia]] (aumento do fígado); [[esplenomegalia]] (aumento do [[baço]]); [[petéquia]]s; outras erupções cutâneas; [[anemia]]; [[linfonodomegalia]]; [[icterícia]]; pseudoparalisia; e ''snuffles'', nome dado à rinite que aparece nesta situação. Os "Rhagades" são feridas lineares nos cantos da boca e nariz que resultam de infecção bacteriana de lesões cutâneas. A morte por sífilis congênita normalmente ocorre por hemorragia pulmonar.

O exame de VDRL geralmente é realizado no [[pré-natal]] para o rastreamento de sífilis em gestantes. O tratamento na gravidez com penicilina G benzatina previne o desenvolvimento da doença congênita.

=== Sífilis decapitada ===
É chamada de sífilis decapitada aquela que fora adquirida por [[transfusão sanguínea]], já que não apresenta a primeira fase da doença, dando início na sífilis secundária. Uma vez que todo o doador de sangue é submetido a exames, a incidência deste tipo de sífilis é extremamente rara. No entanto, pode-se assumir que usuários de drogas injetáveis são suscetíveis a este meio de transmissão da doença, como apontam alguns estudos que, apesar de não comprovarem diretamente o contágio por seringas contaminadas, permitem assumir que os usuários de drogas injetáveis constituem um grupo de risco para a transmissão de sífilis desta forma.<ref>{{citar jornal | titulo = Syphilis among intravenous drug-using population: epidemiological situation in St Petersburg, Russia. | autor = Karapetyan AF; Sokolovsky YV; Araviyskaya ER; Zvartau EE; Ostrovsky DV; Hagan H. | url = http://ijsa.rsmjournals.com/cgi/content/abstract/13/9/618 | jornal = Int J STD AIDS | volume = 13 | numero = 9 | paginas = 618-23 | data = setembro 2002 | doi = doi:10.1258/09564620260216326 | acessodata = 2009-06-27}}</ref><ref>{{citar jornal | titulo = Prevalência e Fatores Correlatos de Infecção pelo HIV e Sífilis em Prostitutas Atendidas em Centro de Referência DST/AIDS | autor = Isabel Cristina Pinheiro Pires, Angélica Espinosa Barbosa Miranda | url = http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v20n3/a05v20n3.pdf | jornal = RGBO | volume = 20 | numero = 3 | paginas = 151-3 | data = 1998 | acessodata = 2009-06-27}}</ref>

== Causas ==
{{AP|Treponema pallidum}}

===Bacteriologia===
[[Imagem:Treponema pallidum 01.png|thumb|Histopatologia da ''Treponema pallidum'']]
A subespécie ''pallidum'' da bactéria ''[[Treponema pallidum]]'' é uma bactéria espiralada, [[gram-negativa]] e de elevada mobilidade.<ref name=Music08/><ref name=Pri2008/> As três outras doenças humanas causadas por outras subespécies da ''Treponema pallidum'' são a [[bouba]] (subespécie ''pertenue''), [[Pinta (doença)|pinta]] (subespécie ''carateum'') e [[bejel]] (subespécie ''endemicum'').<ref name=Kent08/> Ao contrário do subtipo ''pallidum'', estas subespécies não causam doenças neurológicas.<ref name=Wood09/> Os seres humanos são o único [[reservatório natural]] conhecido da subespécie ''pallidum''.<ref name=ST10/> Sem a presença de um hospedeiro, esta subespécie não é capaz de sobreviver mais do que alguns dias. Isto deve-se ao facto do seu pequeno [[genoma]] (1,14 [[Unidade de massa atômica|MDa]]) não conseguir codificar as vias metabólicas necessárias para produzir a maior parte dos seus macronutrientes. A bactéria apresenta também um tempo de duplicação superior a 30 horas.<ref name=Pri2008/>

===Transmissão===
A sífilis é transmitida principalmente por [[Relação sexual|contacto sexual]] ou durante a [[gravidez]] de uma mãe para o [[feto]]. A bactéria é capaz de atravessar membranas mucosas intactas ou pele comprometida.<ref name=Kent08/><ref name=ST10>{{citar periódico|último1 =Stamm|primeiro1 =LV|título=Global challenge of antibiotic-resistant Treponema pallidum.|periódico=Antimicrobial Agents and Chemotherapy|data=fevereiro de 2010|volume=54|número=2|páginas=583–9|pmid=19805553|doi=10.1128/aac.01095-09|pmc=2812177}}</ref> A doença pode ser transmitida por [[Beijo|beijar]] uma lesão, assim como por sexo [[Sexo oral|oral]], [[Sexo vaginal|vaginal]] e [[Sexo anal|anal]].<ref name=Kent08/> Entre 30 a 60% das pessoas expostas a sífilis primária ou secundária contraem a doença.<ref name=Eye07>{{citar periódico|autor =Bhatti MT |título=Optic neuropathy from viruses and spirochetes |periódico=Int Ophthalmol Clin |volume=47 |número=4 |páginas=37–66, ix |ano=2007 |pmid=18049280 |doi=10.1097/IIO.0b013e318157202d |url=}}</ref> Embora a sífilis possa também ser transmitida por produtos derivados do sangue, esse risco é reduzido devido ao rastreio de que estes produtos são alvo em muitos países. O risco de transmissão através da partilha de [[seringa]]s aparenta ser reduzido.<ref name=Kent08/> Geralmente não é possível contrair sífilis em assentos de [[retrete]]s, em [[banheira]]s, através de atividades do dia-a-dia ou pela partilha de roupa ou utensílios de cozinha.<ref name=CDC2014>{{citar web|título= Syphilis & MSM (Men Who Have Sex With Men) - CDC Fact Sheet
|publicado= [[Centers for Disease Control and Prevention]] (CDC) |data= 16 de setembro de 2010 | url = http://m.cdc.gov/en/HealthSafetyTopics/DiseasesConditions/STDs/syphilisMSM_FS |acessodata=18 de outubro de 2014 }}</ref> Isto deve-se ao facto da bactéria morrer muito rapidamente fora do corpo do hospedeiro, tornando muito difícil a transmissão através de objetos.<ref name="Csonka1990">{{citar livro|autor =G. W. Csonka|título=Sexually transmitted diseases: a textbook of genitourinary medicine|url=https://books.google.com/books?id=o6NrAAAAMAAJ|ano=1990|publicado=Baillière Tindall|isbn=978-0-7020-1258-7|página=232}}</ref>

== Diagnóstico ==
[[Imagem:Treponema pallidum cropped.png|thumb|Microscopia de campo escuro com espiroquetas]]

Antes do advento do teste sorológico ([[sorologia]] de lues ou [[VDRL]]  — acrónimo inglês para laboratório de investigação de doença venérea), o diagnóstico era difícil e a sífilis era confundida facilmente com outras doenças. Hoje em dia, o [[VDRL]] é amplamente utilizado como exame de rastreio.

Após o estádio primário, algumas vezes negligenciado pelo paciente ou simplesmente associado como uma consequência natural pelo contato sexual (na falta de informações amplas sobre a doença), a sífilis entra na fase secundária. Dos pacientes tratados no estádio secundário, cerca de 25% deles não se lembram dos sinais do contágio primário.<ref name="ABDerm82"/> Nessa fase, diagnosticar a doença é extremamente difícil tanto para o paciente como para um médico.

Caso a sífilis não seja identificada no seu estádio primário (10 a 90 dias) ou no seu estádio secundário (1 a 6 meses, mas que também pode perdurar por anos na sua forma latente ou assintomática<ref>[http://www.aids.gov.br/assistencia/mandst99/man_sifilis.htm Manual de DST - Sífilis]</ref>), a sífilis entra no estádio terciário. Nessa fase o diagnóstico é bem preciso mas várias sequelas podem advir da doença.

No Brasil, os Centros de Testagem e Aconselhamento<ref>[http://www.aids.gov.br/data/Pages/LUMISB9996982ITEMID247B2521BEE449D782B734D6B51A3833PTBRIE.htm Centros de Testagem e Aconselhamento]</ref> (CTA's) permitem aos cidadãos realizar testes laboratoriais gratuitamente e receber informações e aconselhamento sobre as ISTs.

=== Exames de sangue ===
Os exames de sangue realizados para o diagnóstico da sífilis são divididos em não treponêmicos e treponêmicos

Os exames não treponêmicos geralmente são os primeiros a serem realizados, e incluem o [[VDRL]] (do inglês ''venereal disease research laboratory'') e [[RPR]] (''rapid plasma reagin''). Entretanto, estes exames apresentam altas taxas de [[falso positivo]] (teste positivo quando paciente não está doente). Por este motivo, é necessária a confirmação com um teste treponêmico. O VDRL baseia-se na detecção de [[anticorpo]]s não treponemais. É usada a [[cardiolipina]], um [[antígeno]] presente no ser humano (parede de células danificadas pelo Treponema) e talvez no Treponema, que reage com anticorpos contra ela em soro, gerando reacções de floculação visível ao microscópio. Este teste pode dar falsos positivos, e são realizados testes para a detecção de anticorpos treponemais caso surjam resultados positivos.

Os exames treponêmicos mais usados são o [[FTA-ABS]] e o [[TPHA]]. Geralmente são usados para confirmar o resultado positivos dos testes não treponêmicos, ou seja, do [[VDRL]], fechando o diagnóstico. Frequentemente realizados na fase latente ou terciária.

O [[VDRL]] é único teste que poderá dar resultado negativo após um tratamento bem sucedido para a sífilis. No entanto, não é um requisito para a conclusão do sucesso ou não do tratamento. Ele faz parte dos testes não treponemais e é amplamente usado na atualidade como exame de rastreio. Por norma os valores no VDRL diminuirão para níveis ínfimos, mas ainda assim positivos, após o paciente estar tratado.

===Interpretação de resultados de VDRL e FTA-ABS===

* VDRL positivo e FTA-ABS (ou TPHA) positivo confirmam o diagnóstico de sífilis.
* VDRL positivo e FTA-ABS (ou TPHA) negativo indicam outra doença que não sífilis.
* VDRL negativo e FTA-ABS (ou TPHA) positivo indicam sífilis numa fase bem inicial, sífilis já curada ou sífilis na fase terciária.
* VDRL negativo e FTA-ABS (ou TPHA) negativo descartam o diagnóstico de sífilis.

=== Microscopia ===
A bactéria é vista ao microscópio de fundo escuro ou com sais de prata em amostras. A espiroqueta não pode ser cultivada em meio de cultura.

== Prevenção ==

===Vacina===

Não há [[vacina]] eficaz para prevenção da sífilis.<ref name=ST10/> Várias vacinas com base em proteínas treponemais diminuem o desenvolvimento de lesões em modelos animais, mas o processo ainda está em investigação.<ref>{{citar periódico|último1 =Cameron|primeiro1 =CE|último2 =Lukehart|primeiro2 =SA|título=Current status of syphilis vaccine development: need, challenges, prospects.|periódico=Vaccine|data=20 de março de 2014|volume=32|número=14|páginas=1602–9|pmid=24135571|doi=10.1016/j.vaccine.2013.09.053|pmc=3951677}}</ref>

===Sexo===

A utilização de [[preservativo|preservativos de latex]] diminui a probabilidade de transmissão de sífilis durante as [[relações sexuais]], mas não elimina completamente o risco.<ref>{{citar periódico|data=Julho de 2009|título=A systematic review of epidemiologic studies assessing condom use and risk of syphilis|url=|periódico=Sex Transm Dis|volume=36|número=7|páginas=401–5|doi=10.1097/OLQ.0b013e3181a396eb|pmid=19455075|vauthors=Koss CA, Dunne EF, Warner L}}</ref> O preservativo apenas diminui o risco de transmissão nos locais de exposição por ele protegidos e uma eventual úlcera que não seja coberta pelo preservativo pode transmitir a doença.<ref name="CDC Fact Sheet" /> A abstinência de contacto sexual com uma pessoa infetada é a forma mais eficaz de diminuir o risco de transmissão de sífilis, assim como uma relação [[Monogamia|monógama]] com um parceiro sexual que tenha sido testado e se saiba não estar infetado.<ref name="CDC Fact Sheet">{{citar web|título= Syphilis - CDC Fact Sheet |publicado= [[Centers for Disease Control and Prevention]] (CDC) |data= 16 de setembro de 2010 | url = http://www.cdc.gov/std/syphilis/stdfact-syphilis-detailed.htm |acessodata=30 de maio de 2007 }}</ref>

===Doença congénita===

A sífilis congénita em recém-nascidos pode ser prevenida com o [[rastreio]] da mãe durante o início da gravidez e posterior tratamento de eventuais infeções.<ref name=Screening04>{{citar periódico|último =Schmid|primeiro =G|título=Economic and programmatic aspects of congenital syphilis prevention|periódico=Bulletin of the World Health Organization|data=Junho de 2004|volume=82|número=6|páginas=402–9|pmid=15356931|pmc=2622861}}</ref> A [[Organização Mundial de Saúde]]&nbsp;recomenda que todas as mulheres sejam testadas na primeira consulta pré-natal e uma segunda vez no terceiro trimestre da gravidez.<ref name=Lancet11/> Quando os resultados dos exames confirmam a doença, recomenda-se que os parceiros sejam também tratados.<ref name=Lancet11>{{citar periódico|último =Hawkes|primeiro =S|autor2 =Matin, N |autor3 =Broutet, N |autor4 =Low, N |título=Effectiveness of interventions to improve screening for syphilis in pregnancy: a systematic review and meta-analysis|periódico=The Lancet infectious diseases|data=15 de junho de 2011 |pmid=21683653|volume=11|número=9|páginas=684–91|doi=10.1016/S1473-3099(11)70104-9}}</ref> No entanto, como a sífilis congénita é comum nos [[países em desenvolvimento]], muitas mulheres não recebem cuidados pré-natais e, quando recebem, poucas consultas incluem rastreio. A inexistência de rastreio pode também ocorrer em [[países desenvolvidos]], uma vez que os potenciais portadores de sífilis são as pessoas com maior probabilidade de não receber cuidados de saúde pré-natais.<ref name=Screening04/> Algumas medidas com o objetivo de aumentar o acesso aos testes de sífilis aparentam ser eficazes na diminuição da prevalência de sífilis congénita em países de rendimento baixo a médio.<ref name=Lancet11/><ref>{{citar periódico|último1 =Shahrook|primeiro1 =S|último2 =Mori|primeiro2 =R|último3 =Ochirbat|primeiro3 =T|último4 =Gomi|primeiro4 =H|título=Strategies of testing for syphilis during pregnancy.|periódico=The Cochrane database of systematic reviews|data=29 de outubro de 2014|volume=10|páginas=CD010385|pmid=25352226|doi=10.1002/14651858.CD010385.pub2}}</ref>

===Rastreio===

Recomenda-se que seja realizado rastreio de sífilis entre grupos de elevado risco.<ref>{{citar periódico|último1 =Bibbins-Domingo|primeiro1 =Kirsten|último2 =Grossman|primeiro2 =David C.|último3 =Curry|primeiro3 =Susan J.|último4 =Davidson|primeiro4 =Karina W.|último5 =Epling|primeiro5 =John W.|último6 =García|primeiro6 =Francisco A. R.|último7 =Gillman|primeiro7 =Matthew W.|último8 =Harper|primeiro8 =Diane M.|último9 =Kemper|primeiro9 =Alex R.|último10 =Krist|primeiro10 =Alex H.|último11 =Kurth|primeiro11 =Ann E.|último12 =Landefeld|primeiro12 =C. Seth|último13 =Mangione|primeiro13 =Carol M.|último14 =Phillips|primeiro14 =William R.|último15 =Phipps|primeiro15 =Maureen G.|último16 =Pignone|primeiro16 =Michael P.|título=Screening for Syphilis Infection in Nonpregnant Adults and Adolescents|periódico=JAMA|data=7 de junho de 2016|volume=315|número=21|páginas=2321|doi=10.1001/jama.2016.5824}}</ref> Recomenda-se que homens sexualmente ativos que tenham tido relações sexuais com outros homens sejam testados pelo menos uma vez por ano.<ref>{{citar web|título=Trends in Sexually Transmitted Diseases in the United States: 2009 National Data for Gonorrhea, Chlamydia and Syphilis|url=http://www.cdc.gov/std/stats09/tables/trends-table.htm|publicado=[[Centers for Disease Control and Prevention]]|data=22 de novembro de 2010|acessodata=3 de agosto de 2011}}</ref>

Em muitos países, a sífilis é uma [[doença de notificação obrigatória]], incluindo na [[União Europeia]].<ref>{{citar periódico|último =Viñals-Iglesias|primeiro =H|autor2 =Chimenos-Küstner, E|título=The reappearance of a forgotten disease in the oral cavity: syphilis|periódico=Medicina oral, patologia oral y cirugia bucal|data=1 de setembro de 2009 |volume=14|número=9|páginas=e416–20|pmid=19415060}}</ref> Isto significa que os profissionais de saúde são obrigados a notificar as autoridades de [[saúde pública]], que depois informa os parceiros da pessoa.<ref>{{citar livro|título=Brunner & Suddarth's textbook of medical-surgical nursing.|ano=2010|publicado=Wolters Kluwer Health/Lippincott Williams & Wilkins|local=Philadelphia|isbn=978-0-7817-8589-1|páginas=2144|edição=12th|url=https://books.google.com/books?id=SmtjSD1x688C&pg=PA2144}}</ref> Os médicos podem também incentivar os pacientes a recomendar aos seus parceiros que sejam tratados.<ref>{{citar periódico|último =Hogben|primeiro =M|título=Partner notification for sexually transmitted diseases|periódico=Clinical Infectious Diseases|data=1 de abril de 2007|volume=44 Suppl 3|páginas=S160–74|pmid=17342669|doi=10.1086/511429}}</ref><ref name="DesaiWoodhall2015">{{citar periódico|último1 =Desai|primeiro1 =Monica|último2 =Woodhall|primeiro2 =Sarah C|último3 =Nardone|primeiro3 =Anthony|último4 =Burns|primeiro4 =Fiona|último5 =Mercey|primeiro5 =Danielle|último6 =Gilson|primeiro6 =Richard|título=Active recall to increase HIV and STI testing: a systematic review|periódico=Sexually Transmitted Infections|ano=2015|páginas=sextrans-2014-051930|issn=1368-4973|doi=10.1136/sextrans-2014-051930}}</ref>

== Tratamento ==

O tratamento de primeira escolha para a sífilis sem complicações nos estádios iniciais (primária, secundária ou latente precoce com menos de um ano) consiste numa dose única do [[antibiótico]] [[Benzilpenicilina benzatina|penicilina G benzatina]] por [[Injeção intramuscular|via intramuscular]].<ref name=CDC2015a/> Em pessoas [[Alergia|alérgicas]] à [[penicilina]], as escolhas de tratamento são os antibióticos [[doxiciclina]] e [[tetraciclina]]. No entanto, estes medicamentos não são recomendados durante a gravidez devido ao elevado risco de [[Doença congénita|doenças congénitas]].<ref name=CDC2015a>{{citar web|último1 =Center for Disease Control and Prevention (CDC)|título=Syphilis-CDC fact sheet|url=http://www.cdc.gov/std/syphilis/stdfact-syphilis-detailed.htm|website=CDC|acessodata=1 de março de 2015}}</ref> Em muitos casos verifica-se [[resistência antibiótica]] aos [[Macrólido|macrolídeos]], à [[rifampicina]] e à [[clindamicina]].<ref name=ST10/> A [[ceftriaxona]], uma [[cefalosporina]] de terceira geração, aparenta ter eficácia equivalente ao tratamento com penicilinas.<ref name=Kent08/> É também recomendado que a pessoa evite o contacto sexual até à cicatrização das úlceras.<ref name=CDC2014/> A penicilina também é um tratamento eficaz durante a gravidez,<ref>{{citar periódico|último1 =Alexander|primeiro1 =JM|último2 =Sheffield|primeiro2 =JS|último3 =Sanchez|primeiro3 =PJ|último4 =Mayfield|primeiro4 =J|último5 =Wendel GD|primeiro5 =Jr|título=Efficacy of treatment for syphilis in pregnancy.|periódico=Obstetrics and gynecology|data=Janeiro de 1999|volume=93|número=1|páginas=5–8|pmid=9916946|doi=10.1016/s0029-7844(98)00338-x}}</ref> embora ainda não haja consenso sobre qual dose ou via de administração é a mais eficaz e seja necessária mais investigação.<ref name=Walk2001/><ref name=Walk2001>{{citar periódico|último1 =Walker|primeiro1 =GJ|título=Antibiotics for syphilis diagnosed during pregnancy.|periódico=The Cochrane database of systematic reviews|data=2001|número=3|páginas=CD001143|pmid=11686978|doi=10.1002/14651858.CD001143}}</ref>

Os estádios avançados da doença (com mais de um ano ou tempo indeterminado) podem ser tratadas com penicilina G intramuscular uma vez por semana durante três semanas. Em caso de alergia, tal como nos casos iniciais da doença, podem ser usadas doxiciclina e tetraciclina, embora ao longo de um maior período de tempo. O tratamento nestes estádios limita a progressão da doença, mas tem um efeito apenas marginal nos danos que já ocorreram.<ref name=Kent08/> Como a penicilina G apresenta má penetração no [[sistema nervoso central]], em pessoas com [[neurossífilis]] recomenda-se a administração de doses maiores de penicilina intravenosa durante, no mínimo, 10 dias.<ref name=Kent08/><ref name=ST10/> No caso da pessoa ser alérgica à penicilina, pode ser usada ceftriaxona ou tentada a dessensibilização à penicilina.<ref name=Kent08/>

Um dos potenciais efeitos adversos do tratamento é a [[reação de Jarisch-Herxheimer]]. Esta reação tem geralmente início na primeira hora após o tratamento e tem a duração de 24 horas. Os sintomas são [[febre]], [[Mialgia|dores musculares]], [[Cefaleia|dores de cabeça]] e [[Taquicardia|ritmo cardíaco acelerado]].<ref name="Kent08"/> É causada por [[citocina]]s libertadas no [[sistema imunitário]] em resposta às [[lipoproteína]]s libertadas pelas bactérias da sífilis ao morrer.<ref name=Radolf2006>{{citar livro|autor = Radolf, JD; Lukehart SA (editors)|ano=2006 |título=Pathogenic ''Treponema'': Molecular and Cellular Biology |publicado=Caister Academic Press | isbn= 1-904455-10-7}}</ref>

==Epidemiologia==
[[Imagem:Syphilis world map-Deaths per million persons-WHO2012.svg|thumb|upright=1.4|Mortes por sífilis por milhão de pessoas em 2012
{{refbegin|2}}{{legend|#ffff20|0-0}}{{legend|#ffc020|1-1}}{{legend|#ffa020|2-3}}{{legend|#ff9a20|4-10}}{{legend|#f08015|11-19}}{{legend|#e06815|20-28}}{{legend|#d85010|29-57}}{{legend|#d02010|58-138}}{{refend}}]]

A [[Organização Mundial de Saúde]] estima que em 2008 tenham ocorrido 10,6 milhões de novos casos de sífilis entre adultos entre 15–49 anos de idade, e que em qualquer momento no ano houvesse 36,4 milhões de pessoas infetadas com a doença.<ref>{{citar web|url=http://apps.who.int/iris/bitstream/10665/75181/1/9789241503839_eng.pdf|título=Global incidence and prevalence of selected curable sexually transmitted infections – 2008|último =|primeiro =|data=2012|website=|publicado=World Health Organization|acessodata=20 de agosto de 2016}}</ref> Em 1999, 90% dos novos casos da doença ocorreram nos [[países em vias de desenvolvimento]].<ref name=ST10/> A sífilis afeta também entre {{formatnum:700000}} e 1,6 milhões de gravidezes por ano, sendo a causa de [[Aborto espontâneo|abortos espontâneos]], [[Natimorto|nados-mortos]] e sífilis congénita.<ref name=Wood09/> Em 2010 foi responsável pela morte de {{formatnum:113000}}&nbsp;pessoas, uma diminuição em relação Às {{formatnum:202000}} em 1990.<ref name=Loz2012/> Na [[África subsariana]], a doença é a causa de cerca de 20% das [[Mortalidade perinatal|mortes perinatais]].<ref name=Wood09/> A prevalência é proporcionalmente maior entre [[Uso recreativo de drogas|toxicodependentes]], entre pessoas infetadas com [[VIH]] e entre homossexuais masculinos.<ref name="Coffin2010" /><ref name="Gao2009" /><ref name="Karp2009" />

A sífilis era bastante comum na Europa durante os séculos XVIII e XIX.<ref name=Music08/> No início do {{séc|XX}}, a introdução dos [[antibiótico]]s no mundo desenvolvido fez com que o número de infeções diminuísse drasticamente até às décadas de 1980 e 1990.<ref name=Music08/> No entanto, desde o início do {{séc|XXI}} que o número de casos tem vindo a aumentar na Europa, na América do Norte e na Austrália, principalmente entre homens homossexuais.<ref name=ST10/><ref name=AOP08>{{citar periódico|último =Kent|primeiro =ME|autor2 =Romanelli, F |título=Reexamining syphilis: an update on epidemiology, clinical manifestations, and management|periódico=Annals of Pharmacotherapy|data=fevereiro de 2008|volume=42|número=2|páginas=226–36|pmid=18212261|doi=10.1345/aph.1K086}}</ref> Na Rússia e na China, desde a década de 1990 que o número de casos entre heterossexuais tem vindo a aumentar.<ref name=ST10/> Este aumento deve-se a comportamentos sexuais de risco, como [[promiscuidade]] sexual, [[prostituição]] e a diminuição do uso de [[preservativo]]s.<ref name=ST10/><ref name=AOP08/><ref>{{citar periódico|último =Ficarra|primeiro =G|autor2 =Carlos, R |título=Syphilis: The Renaissance of an Old Disease with Oral Implications|periódico=Head and neck pathology|data=Setembro de 2009|volume=3|número=3|páginas=195–206|pmid=20596972|doi=10.1007/s12105-009-0127-0|pmc=2811633}}</ref>

Caso a doença não seja tratada, apresenta uma mortalidade de 8–58%, com maior taxa de mortalidade entre homens.<ref name=Kent08/> Ao longo dos séculos XIX e XX, os sintomas de sífilis foram-se tornando menos graves, devido em parte à disponibilidade de tratamentos eficazes e em parte à diminuição da [[virulência]] da bactéria.<ref name=Sec2010>{{citar periódico|último =Mullooly|primeiro =C|autor2 =Higgins, SP |título=Secondary syphilis: the classical triad of skin rash, mucosal ulceration and lymphadenopathy|periódico=International journal of STD & AIDS|data=agosto de 2010|volume=21|número=8|páginas=537–45|pmid=20975084|doi=10.1258/ijsa.2010.010243}}</ref> Quando se inicia o tratamento nos estádios iniciais, a doença causa poucas complicações.<ref name=Pri2008/> A sífilis aumenta o risco de transmissão de [[VIH]] entre duas e cinco vezes, sendo a cofinfeção comum.<ref name=Kent08/><ref name=ST10/> Em 2015, Cuba tornou-se o primeiro país no mundo a erradicar a transmissão de sífilis entre mãe e filho.<ref name=WHOCUba2015/>

== História ==
[[Ficheiro:Syphilis false shame and fear may destroy your future.png|direita|thumb|Cartaz americano prevenindo que a vergonha e o medo podem destruir o futuro: se a doença não for diagnosticada quando surgem os sintomas, pode tornar-se um problema sério]]

A palavra "Sífilis" é derivada do [[Antroponímia|antropônimo]] Syphilus, protagonista do poema Syphilis Sive Morbus Gallicus, de [[Girolamo Fracastoro]].<ref>''[http://books.google.com/books?id=oHkIxb_h4rsC&pg=PA128 O estudante de medicina e o paciente: uma aproximação à prática médica]''. EDIPUCRS; 2007. ISBN 978-85-7430-619-3. p. 128.</ref> O protagonista é castigado pelos deuses com uma doença repugnante, que o autor descreve como hoje chamamos de sífilis.<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.1">FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 583</ref> "Lues" vem de ''lues'', palavra [[latim|latina]] que significa "praga". "Avariose" vem do [[Língua francesa|francês]] ''avariose''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.206</ref> "Mal-de-coito" é uma referência a sua transmissão via [[ato sexual]]. "Venéreo" vem do latim ''venereu''.<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 762</ref> A sífilis possui vários sinônimos. Ela também é chamada de '''avariose''', '''lues''', '''mal-americano''', '''mal-canadense''', '''mal-céltico''', '''mal-da-baía-de-são-paulo''', '''mal-de-coito''', '''mal-de-fiúme''', '''mal-de-franga''', '''mal-de-frenga''', '''mal-de-nápoles''', '''mal-de-santa-eufêmia''', '''mal-de-são-jó''', '''mal-de-são-névio''', '''mal-de-são-semento''', '''mal-dos-cristãos''', '''males''', '''mal-escocês''', '''mal-francês''', '''mal-gálico''', '''mal-germânico''', '''mal-ilírico''', '''mal-napolitano''', '''mal-polaco''', '''mal-turco''', '''gálico''', '''venéreo''',<ref name="FERREIRA, A. B. H. 1986. p.1"/> '''cancro duro''', '''doença-do-mundo''' e '''pudendraga''', entre outros termos.<ref name="DMichaelis">{{citar web | titulo=Moderno Dicionário da Língua Portuguesa | url = http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=MAL | publicado = UOL - Michaelis | acessodata = 2009-03-21}}</ref><ref name="Barros2004">Lidia Almeida Barros. ''[http://books.google.com/books?id=whN51Lj-7GoC&pg=PA126 Curso básico de terminologia]''. EdUSP; 2004. ISBN 978-85-314-0810-6. p. 126.</ref>

Há duas teorias sobre a origem da sífilis. Uma defende que se trataria de uma doença americana trazida por [[Cristóvão Colombo|Colombo]] ou seus sucessores da [[América]] para a [[Europa]].<ref>{{Citar web | titulo = Colombo levou sífilis para a Europa, afirma estudo | url = http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI2237552-EI8148,00.html | data = 15 de janeiro de 2008 | acessodata = 2007-01-16}}</ref> A outra teoria é que a Sífilis seria uma doença antiga do [[Velho Mundo]] a qual sofreu mutações que a tornaram mais contagiosa no século XVI.

A origem da sífilis não é conhecida, entretanto a doença pode ter sido documentada por [[Hipócrates]] na [[Grécia Antiga]] em sua forma terciária. Seria conhecida na cidade grega de [[Metaponto]] aproximadamente 600 a.C., e em [[Pompeia]] foram encontradas evidências [[arqueologia|arqueológicas]] nos sulcos dos [[dentes]] de crianças cujas mães estavam contaminadas. Outros historiadores acreditam que o ''T. pallidum'' teria causado doenças cutâneas como a [[Nevo|pinta]] e a [[framboesia]] em medievais na [[Europa]], afecções as quais eram classificadas erroneamente como [[lepra]]. E que a bactéria teria, durante o [[século XVI]], sofrido mutações convertendo-se no patógeno que causa a sífilis. De fato a sífilis surgiu repentinamente no [[século XVI]], e os europeus não apresentavam resistência contra ela, morrendo em números consideráveis e apresentando sintomas abruptos e completamente diferentes dos observados hoje. Com a endemicidade da doença, ambos bactéria e ser humano teriam se adaptado um ao outro, dando surgimento gradual à sífilis da atualidade, moderada em relação aos séculos anteriores. Sua transmissão entre [[soldado]]s de vários [[exército]]s, cursando com lesões de [[pele]], fez com que surgissem os diversos nomes como "mal espanhol", "mal italiano", "mal polonês" etc.

Originalmente, não havia nenhum tratamento efetivo para sífilis. O comum era tratar com [[guáiaco]] e [[mercúrio (elemento químico)|mercúrio]]. Mas foi somente no [[século XX]] que efetivamente surgiu o tratamento para a sífilis. Em [[1906]] surgiu o primeiro teste efetivo para a sífilis, o [[teste de Wassermann]]. Embora tivesse baixa especificidade, foi considerado um grande avanço para o tratamento da sífilis. Com esta prova o diagnóstico era possível mesmo antes do aparecimento dos sintomas, permitindo a prevenção da transmissão da doença. Porém não provia cura para os infectados. A partir do melhor entendimento sobre o curso da doença, um tratamento efetivo com cura tornou-se uma necessidade. Primeiramente, na década de [[1910]], foi escolhido o uso de [[droga]]s contendo [[arsênico]] — [[Arsfenamina|Salvarsan]]. Outra hipótese seria a [[malária]]; esperava-se que a intensa febre produzida pela malária fosse suficiente para exterminar a espiroqueta. Além disso, considerava-se preferível arcar com a contaminação por malária do que se submeter aos efeitos a longo prazo da sífilis. Somente a partir da descoberta da [[penicilina]] e sua difusão depois da [[Segunda Guerra Mundial]], os outros tratamentos passaram a ser obsoletos, e foi possível então a cura efetiva da sífilis.

Em um dos episódios mais vergonhosos do século XX, de [[Estudo da sífilis não tratada de Tuskegee|1932 a 1972 em Tuskegee]] (cidade do [[Alabama]], EUA), foi realizado um estudo sobre a sífilis. Num atentado contra a ética e a moral, um grupo de negros americanos permaneceu sem tratamento para que o curso da doença pudesse ser avaliado, mesmo com a existência de medicamentos efetivos.<ref name="CNNTuskegee">{{en}}{{citar web | titulo = Clinton Apologizes To Tuskegee Experiment Victims | url = http://edition.cnn.com/ALLPOLITICS/1997/05/16/tuskegee.apology/index.html?iref=newssearch | publicado = [[CNN]] | data = 16/05/1997 | acessodata = 2009-08-24}}</ref> O polêmico estudo rendeu diversos artigos que foram publicados em renomadas revistas científicas.<ref name="Vonderlehr">{{en}}{{citar jornal | titulo = Untreated syphilis in the male Negro. A comparative study of treated and untreated cases | url = http://www.uiowa.edu/~c016136/Readings/vonderlehr1936.pdf | autor = Vonderlehr RA, Clark T, Wenger OC, Heller JR Jr | jornal = Ven Dis Inform | ano = 1936 | volume = 17 | paginas = 260-265 | acessodata = 2009-09-24}}</ref><ref name="DHRockwell">{{en}}{{citar jornal | titulo = The Tuskegee Study of Untreated Syphilis: The 30th Year of Observation | url = http://archinte.ama-assn.org/cgi/content/summary/114/6/792 | autor = Rockwell DH, Yobs AR, Moore MB Jr. | publicado = Arch Intern Med | data = 1964 | volume = 114 | numero = 6 | paginas = 792-798 | acessodata = 2009-08-24}}</ref> As questões sobre a ética do estudo foram denunciadas pela repórter Jean Heller do [[New York Times]] em 26 de julho de 1972 e em novembro de 1974 foi publicado o relatório final do estudo.<ref name="RHKampmeier">{{en}}{{citar jornal | titulo = Final report on the "Tuskegee syphilis study" | url = http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/4610772 | autor = Kampmeier RH | jornal = South Med J | data = 1974 | volume = 67 | numero = 11 | paginas = 1349-53 | acessodata = 2009-08-24}}</ref>

Em [[17 de julho]] de [[1998]], na revista científica ''[[Science]]'', um grupo de biólogos reportou a sequência exata do genoma do ''Treponema pallidum''.

{{Referências|col=2}}

{{Doenças bacterianas}}
{{Doenças e infecções sexualmente transmissíveis}}
{{Doenças de transmissão materna}}

{{Portal3|Medicina|Enfermagem}}

{{DEFAULTSORT:Sifilis}}
[[Categoria:Doenças e infecções sexualmente transmissíveis]]
[[Categoria:Doenças bacterianas]]