Integralismo: diferenças entre revisões
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[[Ficheiro:Entrevue de Saint Louis, roi de France, et du pape Innocent IV, a Lyon, en 1248, Louis Jean Francois Lagrenee.jpg|miniaturadaimagem|[[Luís IX de França|Rei Luís IX da França]] encontrando-se com o [[Papa Inocêncio IV]].]]'''Integralismo''' ou '''integrismo''' é uma interpretação [[política]] da [[Doutrina Social da Igreja|Doutrina Social Católica]] que defende o princípio de que a religião [[Igreja Católica|católica]] deve ser a base do sistema legal e das políticas do Estado dentro da [[sociedade civil]], onde quer que a preponderância dos católicos dentro dessa sociedade torne isso possível. O integralismo é contra o [[Pluralismo político|pluralismo]]<ref name=":2" /> e defende que a fé católica deve ser dominante tanto nas questões civis, como nas religiosas. Os integralistas defendem a definição de 1864 do [[Papa Pio IX]] em sua [[encíclica]] ''[[Quanta cura]]'' de que a neutralidade religiosa do poder civil não pode ser abraçada como uma situação ideal e a doutrina de [[Papa Leão XIII|Leão XIII]] em ''[[Immortale Dei]]'' sobre as obrigações religiosas dos Estados.<ref>{{Citar web|ultimo=Newman|primeiro=John Henry|autorlink=John Henry Newman|url=https://www.newmanreader.org/works/anglicans/volume2/gladstone/section8.html|titulo=A Letter Addressed to the Duke of Norfolk on Occasion of Mr. Gladstone's Recent Expostulation|acessodata=2023-07-06|website=newmanreader.org|publicado=National Institute for Newman Studies|arquivourl=https://web.archive.org/web/20210224203905/http://www.newmanreader.org:80/works/anglicans/volume2/gladstone/section8.html|arquivodata=24.02.2021|urlmorta=não}}</ref> Em dezembro de 1965, o [[Concílio Vaticano II]] aprovou e o [[Papa Paulo VI]] promulgou o documento ''[[Dignitatis Humanae|Dignitatis humanae]]'' – a “Declaração sobre a Liberdade Religiosa” do Concílio – que afirma que “deixa intocada a doutrina católica tradicional sobre o dever moral dos homens e das sociedades para com a verdadeira religião e para a única Igreja de Cristo". No entanto, eles declararam simultaneamente "que a pessoa humana tem direito à [[liberdade religiosa]]", um movimento que alguns [[Catolicismo tradicionalista|católicos tradicionalistas]], como o arcebispo [[Marcel Lefebvre]], fundador da [[Fraternidade Sacerdotal de São Pio X]], argumentaram que está em desacordo com os posicionamentos doutrinários anteriores da igreja.<ref>{{Citar web|url=https://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651207_dignitatis-humanae_po.html|titulo=Texto da Declaração Dignitatis Humanae sobre a Liberdade Religiosa|data=07.12.1965|acessodata=2023-07-06|website=}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books?id=-gmvvzTWIX8C&pg=PA56|título=Philosophy and Catholic Theology: A Primer|ultimo=Egan|primeiro=Philip A.|data=2009|editora=Liturgical Press|lingua=en}}</ref>{{Integralismo}} |
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[[Ficheiro:Entrevue de Saint Louis, roi de France, et du pape Innocent IV, a Lyon, en 1248, Louis Jean Francois Lagrenee.jpg|miniaturadaimagem|[[Luís IX de França|Rei Luís IX da França]] encontrando com o [[Papa Inocêncio IV]].]] |
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O termo às vezes é usado de forma mais livre e em contextos não católicos para se referir a um conjunto de conceitos teóricos e políticas práticas que defendem uma ordem social e política totalmente integrada com base em uma doutrina abrangente da natureza humana. Nesse sentido genérico, algumas formas de integralismo estão focadas puramente em alcançar a integração política e social, outras na unidade nacional ou étnica, enquanto outras estão mais focadas em alcançar a uniformidade religiosa e cultural. O integralismo, portanto, também foi usado para descrever movimentos religiosos não-católicos, como o [[Fundamentalismo cristão|protestantismo fundamentalista]] ou o [[fundamentalismo islâmico]].<ref>{{Citar periódico |url=http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1016/0048-721X%2887%2990059-5 |título=‘Fundamentalism’ Christian and Islamic |data=1987-10 |acessodata=2023-07-06 |periódico=Religion |número=4 |ultimo=Shepard |primeiro=William |paginas=355–378 |lingua=en |doi=10.1016/0048-721X(87)90059-5 |issn=0048-721X |volume=17}}</ref> Na história política e social dos séculos XIX e XX, o termo integralismo foi frequentemente aplicado ao [[Tradicionalismo|conservadorismo tradicionalista]] e movimentos políticos similares na ala direita de um espectro político, mas também foi adotado por vários movimentos centristas como uma ferramenta de integração política, nacional e cultural. |
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Em política, '''integralismo''' ou '''integrismo''' é o conjunto de [[Teoria social|conceitos teóricos]] e práticas [[Política|políticas]] que defendem uma ordem social e política totalmente integrada, baseando-se na convergência de tradições políticas, culturais, religiosas, nacionais e patrimoniais em um único [[Estado]] próprio ou outra entidade política.<ref>{{Citar web|titulo=The Nature of Integralism|url=https://www.pdcnet.org/pdc/bvdb.nsf/purchase?openform&fp=cssr&id=cssr_2003_0008_0009_0025|obra=Catholic Social Science Review|data=2003-07-01|acessodata=2019-12-29|primeiro=Vincent|ultimo=Jeffries}}</ref><ref name=":0">{{Citar periódico|ultimo=Poulat|primeiro=Emile|data=1969|titulo=« Modernisme » et « Intégrisme ». Du concept polémique à l'irénisme critique|url=https://www.persee.fr/doc/assr_0003-9659_1969_num_27_1_2644|jornal=Archives de Sciences Sociales des Religions|volume=27|numero=1|paginas=1–28|doi=10.3406/assr.1969.2644}}</ref><ref name=":1">{{citar livro|título=Encyclopaedia Universalis.|ultimo=Poulat|primeiro=Emile|editora=Encyclopaedia Universalis|ano=1968|volume=8|local=|páginas=1076-1079.|capitulo=Intégrisme|acessodata=}}</ref> Algumas formas de integralismo estão focadas em alcançar integração política e social, assim como unidade (uniformidade) nacional ou étnica, enquanto outras formas são mais focadas em alcançar unidade religiosa e cultural.<ref name=":0" /><ref name=":1" /> Na [[História social|história política e social]] dos séculos XIX e XX, o integralismo é frequentemente relacionado ao [[tradicionalismo]] e a similares movimentos políticos da [[Direita (política)|direita]], mas também foi adotado por vários movimentos [[Centro (política)|centristas]] como uma ferramenta de integração política, nacional e cultural.<ref>{{Citar web|titulo=The Integralist Objection to Political Liberalism|url=https://www.pdcnet.org/pdc/bvdb.nsf/purchase?openform&fp=soctheorpract&id=soctheorpract_2005_0031_0002_0157_0172|obra=Social Theory and Practice|data=2005-05-01|acessodata=2019-12-29|primeiro=Mark|ultimo=Jensen}}</ref> |
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Como |
Como movimento cívico-político-cultural de renovação moral e social,<ref name="Não_nomeado-xw6y-1">{{citar web|ultimo=Barbuy|primeiro=Victor Emanuel Vilela|url=https://integralismo.org.br/colunas/o-estado-integral-e-a-economia/|titulo=O Estado Integral e a Economia|data=13.02.2015|acessodata=06.07.2023|website=integralismo.org.br|publicado=[[Frente Integralista Brasileira]]}}</ref> o integralismo surgiu das polêmicas discussões internas da [[Igreja Católica]] no final do século XIX e início do século XX, especialmente na [[França]].<ref name="pdcnet.org">{{Citar web|ultimo=Jeffries|primeiro=Vincent|url=https://www.pdcnet.org/pdc/bvdb.nsf/purchase?openform&fp=cssr&id=cssr_2003_0008_0009_0025|titulo=The Nature of Integralism|data=2003-07-01|acessodata=2019-12-29|obra=Catholic Social Science Review}}</ref> O termo integralista foi usado como adjetivo para descrever aqueles que se opunham aos "[[Modernismo (catolicismo romano)|modernistas filosóficos-catolicistas]]", que procuravam criar uma síntese entre a teologia cristã e a filosofia [[Liberalismo clássico|liberal]] da [[Secularismo|modernidade secular]]. Os defensores do integralismo pregavam que toda ação social e política deveria ser baseada na [[fé católica]] e rejeitavam a [[separação entre Igreja e Estado]], argumentando que o catolicismo deveria ser proclamado a [[Estado confessional|religião do Estado]].<ref name=":2">{{citar livro|url=https://www.academia.edu/2180817/Catholic_Fundamentalism_or_Catholic_Integralism|título=To Strive and not to Yield: Essays in Honour of Colin Brown.|ultimo=Krogt|primeiro=Christopher van der|editora=The Department of World Religions, Victoria University|ano=1992|local=Wellington|páginas=123-135|capitulo=Catholic Fundamentalism or Catholic Integralism?|acessodata=29-12-2019}}</ref> Discussões contemporâneas dentro da Igreja Católica a respeito do integralismo foram renovadas com críticas ao liberalismo.<ref>{{Citar web|url=https://cruxnow.com/news-analysis/2018/04/weird-catholic-twitter-offers-a-reminder-of-catholic-complexity/|obra=John L. Allen Jr.|acessodata=2019-12-29|titulo=‘Weird Catholic Twitter’ offers a reminder of Catholic complexity|data=|publicado=Crux|ultimo=|primeiro=}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=What Is Integralism Today?|url=https://churchlifejournal.nd.edu/articles/what-is-integralism-today/|obra=Church Life Journal|acessodata=2019-12-29|lingua=en|primeiro=Edmund Waldstein|ultimo=O.Cist}}</ref> |
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No [[Brasil]], o catolicismo influenciou o movimento político do integralismo entre 1932 e 1937, sendo este considerado um braço político e fascista da Igreja Católica.<ref name=":3">{{Citar periódico|ultimo=Williams|primeiro=Margaret Todaro|data=1974|titulo=Integralism and the Brazilian Catholic Church|url=http://www.jstor.org/stable/2512932|jornal=The Hispanic American Historical Review|volume=54|numero=3|paginas=431–452|doi=10.2307/2512932|issn=0018-2168|acessodata=|citacao=The more dramatic aspects of Integralism, such as its violence and its fascist trappings [...] have obscured the fact that Integralism often acted, although implicitly, as a political arm of the Catholic Church. [...] Their search for a 'third way,' an effort not yet sufficiently investigated or appreciated, often led them to espouse modified versions of European fascism.}}</ref><ref name=":4">{{Citar periódico|ultimo=Bertonha|primeiro=João Fábio|data=2000|titulo=Between Sigma and Fascio: An Analysis of the Relationship between Italian Fascism and Brazilian Integralism|url=http://www.jstor.org/stable/3513860|jornal=Luso-Brazilian Review|volume=37|numero=1|paginas=93–105|issn=0024-7413}}</ref> |
No [[Brasil]], o catolicismo influenciou o [[Ação Integralista Brasileira|movimento político do integralismo]] entre 1932 e 1937, sendo este considerado um braço político e fascista da Igreja Católica.<ref name=":3">{{Citar periódico|ultimo=Williams|primeiro=Margaret Todaro|data=1974|titulo=Integralism and the Brazilian Catholic Church|url=http://www.jstor.org/stable/2512932|jornal=The Hispanic American Historical Review|volume=54|numero=3|paginas=431–452|doi=10.2307/2512932|issn=0018-2168|acessodata=|citacao=The more dramatic aspects of Integralism, such as its violence and its fascist trappings [...] have obscured the fact that Integralism often acted, although implicitly, as a political arm of the Catholic Church. [...] Their search for a 'third way,' an effort not yet sufficiently investigated or appreciated, often led them to espouse modified versions of European fascism.}}</ref><ref name=":4">{{Citar periódico|ultimo=Bertonha|primeiro=João Fábio|data=2000|titulo=Between Sigma and Fascio: An Analysis of the Relationship between Italian Fascism and Brazilian Integralism|url=http://www.jstor.org/stable/3513860|jornal=Luso-Brazilian Review|volume=37|numero=1|paginas=93–105|issn=0024-7413}}</ref> Em [[Portugal]], o [[Integralismo Lusitano]] foi um movimento político surgido em 1914, de carácter monárquico, católico, nacionalista e antiliberal, que se opunha tanto à [[Primeira República Portuguesa|democracia republicana de 1910]] como à [[Monarquia constitucional (Portugal)|monarquia constitucional de 1820]]. Defendia o regresso a uma [[monarquia]] tradicional, nacionalista e [[Antiparlamentarismo|antiparlamentar]], na qual o monarca seria o chefe de Estado e concentraria em si as funções governativas e executivas.<ref>{{Citar web |url=https://www.infopedia.pt/$integralismo-lusitano |título=Integralismo Lusitano |publicado=Infopédia, Enciclopédia de Língua Portuguesa da Porto Editora |acessodata=30 de dezembro de 2019}}</ref> |
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As discussões contemporâneas sobre o integralismo foram renovadas em 2014, com foco na crítica ao [[liberalismo]] e ao [[capitalismo]].<ref>{{Citar web|ultimo=Deneen|primeiro=Patrick J.|url=https://www.theamericanconservative.com/a-catholic-showdown-worth-watching/|titulo=A Catholic Showdown Worth Watching|data=2014-02-06|acessodata=2023-07-06|website=The American Conservative|lingua=en-US|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190722153335/https://www.theamericanconservative.com/2014/02/06/a-catholic-showdown-worth-watching/|arquivodata=22.07.2019|urlmorta=não}}</ref><ref>{{Citar web|ultimo=Allen Jr.|primeiro=John L.|url=https://cruxnow.com/news-analysis/2018/04/weird-catholic-twitter-offers-a-reminder-of-catholic-complexity/|titulo=‘Weird Catholic Twitter’ offers a reminder of Catholic complexity|data=2018-04-27|acessodata=2023-07-06|website=Crux|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190416081803/https://cruxnow.com/news-analysis/2018/04/27/weird-catholic-twitter-offers-a-reminder-of-catholic-complexity/|arquivodata=16.04.2019|urlmorta=não}}</ref> |
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O termo ''integralismo'' também tem sido utilizado para se referir aos [[Fundamentalismo cristão|fundamentalismos protestantes]] e/ou [[Fundamentalismo islâmico|islâmicos]].<ref>{{Citar periódico|ultimo=Shepard|primeiro=William|data=1987-10-01|titulo=‘Fundamentalism’ Christian and Islamic|url=https://doi.org/10.1016/0048-721X(87)90059-5|jornal=Religion|volume=17|numero=4|paginas=355–378|doi=10.1016/0048-721X(87)90059-5|issn=0048-721X|acessodata=|citacao=Patrick J. Ryan has suggested the term 'integralism' for the Iranian phenomena, by analogy with the Roman Catholic movement by that name and largely because of the role of the 'ulamã' ('Islamic Fundamentalism: a Questionable Category', America, December 29, 1984, pp . 437-440), and this suggestion has some merit.}}</ref> |
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== História e ideais == |
== História e ideais == |
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O integralismo católico é uma tendência [[Pluralismo|antipluralista]] do [[Igreja Católica|catolicismo]], tendo emergido no século XIX em Portugal, Espanha, França, Itália e România, visava afirmar uma interpretação de base católica a toda ação política e social, e minimizar ou eliminar quaisquer atores ideológicos concorrentes, como o [[humanismo secular]] e o [[Liberalismo clássico|liberalismo]].<ref>{{citar livro|título=Comrades and Christians: Religion and Political Struggle in Communist Italy.|ultimo=Kertzer|primeiro=David I.|editora=Cambridge University Press|ano=1980|local=Cambridge|páginas=101-102|total-páginas=302|acessodata=}}</ref> Além disso, o integralismo católico não apoia a criação de um novo "Estado Católico" autônomo, tampouco o [[erastianismo]] ([[galicanismo]] no contexto francês). Pelo contrário, apoia a subordinação do Estado aos princípios morais do catolicismo. Dessa forma, rejeita separar moralidade e Estado, favorecendo o catolicismo como a religião proclamada oficial pelo Estado.<ref name=":2" /> Este advoga pelo ensino sobre a necessidade da subordinação do Estado, assim como papas medievais [[Papa Gregório VII]] e [[Papa Bonifácio VIII]], além da subordinação do [[poder temporal]] ao [[poder espiritual]]. Ainda assim, o integralismo católico, em sentido estrito, surgiu como uma reação contra as mudanças políticas e culturais que se seguiram ao [[Iluminismo]] e à [[Revolução Francesa]].<ref name=":2" /> O integralismo católico atingiu sua forma "clássica" a partir de uma reação contra o [[Modernismo (catolicismo romano)|modernismo]], insistindo que o poder político deve guiar o homem ao seu último fim, rejeitando a separação liberal entre a política e os fins da vida humana.<ref>{{Citar web|titulo=O integralismo em três frases.|url=https://thejosias.com/2018/09/03/o-integralismo-em-tres-frases/|obra=The Josias|data=2018-09-03|acessodata=2019-12-29|lingua=en-US|ultimo=admin}}</ref> Pode-se dizer que o integralismo é meramente a continuação moderna da concepção católica tradicional das relações Igreja-Estado elucidada pelo [[Papa Gelásio I]] e exposta ao longo dos séculos até o [[Sílabo dos erros|Sílabo dos Erros]], que condenou a ideia de que a separação entre Igreja e Estado é um bem moral. |
O integralismo católico é uma tendência [[Pluralismo|antipluralista]] do [[Igreja Católica|catolicismo]], tendo emergido no século XIX em Portugal, Espanha, França, Itália e România, visava afirmar uma interpretação de base católica a toda ação política e social, e minimizar ou eliminar quaisquer atores ideológicos concorrentes, como o [[humanismo secular]] e o [[Liberalismo clássico|liberalismo]].<ref>{{citar livro|título=Comrades and Christians: Religion and Political Struggle in Communist Italy.|ultimo=Kertzer|primeiro=David I.|editora=Cambridge University Press|ano=1980|local=Cambridge|páginas=101-102|total-páginas=302|acessodata=}}</ref> Além disso, o integralismo católico não apoia a criação de um novo "Estado Católico" autônomo, tampouco o [[erastianismo]] ([[galicanismo]] no contexto francês). Pelo contrário, apoia a subordinação do Estado aos princípios morais do catolicismo. Dessa forma, rejeita separar moralidade e Estado, favorecendo o catolicismo como a religião proclamada oficial pelo Estado.<ref name=":2" /> Este advoga pelo ensino sobre a necessidade da subordinação do Estado, assim como papas medievais [[Papa Gregório VII]] e [[Papa Bonifácio VIII]], além da subordinação do [[poder temporal]] ao [[poder espiritual]]. Ainda assim, o integralismo católico, em sentido estrito, surgiu como uma reação contra as mudanças políticas e culturais que se seguiram ao [[Iluminismo]] e à [[Revolução Francesa]].<ref name=":2" /> O integralismo católico atingiu sua forma "clássica" a partir de uma reação contra o [[Modernismo (catolicismo romano)|modernismo]], insistindo que o poder político deve guiar o homem ao seu último fim, rejeitando a separação liberal entre a política e os fins da vida humana.<ref>{{Citar web|titulo=O integralismo em três frases.|url=https://thejosias.com/2018/09/03/o-integralismo-em-tres-frases/|obra=The Josias|data=2018-09-03|acessodata=2019-12-29|lingua=en-US|ultimo=admin}}</ref> Pode-se dizer que o integralismo é meramente a continuação moderna da concepção católica tradicional das relações Igreja-Estado elucidada pelo [[Papa Gelásio I]] e exposta ao longo dos séculos até o [[Sílabo dos erros|Sílabo dos Erros]], que condenou a ideia de que a separação entre Igreja e Estado é um bem moral. |
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O papado do século XIX desafiou o crescimento do [[Liberalismo clássico|liberalismo]] (e sua doutrina da [[soberania popular]]), bem como novos métodos e teorias científicas e históricas (que se pensava ameaçar o status quo da [[Revelação (cristianismo)|revelação cristã]]). O [[Papa Pio IX]] condenou uma série de ideias iluministas e liberais ao publicar o [[Sílabo dos erros|Sílabo dos Erros]]. Já o termo ''integralismo'' foi aplicado, pela primeira vez, a um partido político espanhol fundado em 1890, que baseou seu programa no Sílabo.<ref name=":2" /> Entretanto, o termo não se tornou popular até o papado de [[Papa Pio X|Pio X]] (que durou de 1903 a 1914), na ocasião da condenação papal do [[Modernismo (teologia)|modernismo]] em 1907, em que os "''catholiques intégraux''", encorajados por [[Papa Pio X|Pio X]], procuraram e expuseram qualquer co-religioso que suspeitassem de modernismo ou [[Liberalismo clássico|liberalismo]], de onde surgem as palavras ''intégrisme'' (integrismo) e ''intégralisme'' (integralismo). Uma importante organização integralista foi a [[Sodalitium Pianum]], conhecida na França como ''La Sapinière (''"plantação de [[ |
O papado do século XIX desafiou o crescimento do [[Liberalismo clássico|liberalismo]] (e sua doutrina da [[soberania popular]]), bem como novos métodos e teorias científicas e históricas (que se pensava ameaçar o status quo da [[Revelação (cristianismo)|revelação cristã]]). O [[Papa Pio IX]] condenou uma série de ideias iluministas e liberais ao publicar o [[Sílabo dos erros|Sílabo dos Erros]]. Já o termo ''integralismo'' foi aplicado, pela primeira vez, a um partido político espanhol fundado em 1890, que baseou seu programa no Sílabo.<ref name=":2" /> Entretanto, o termo não se tornou popular até o papado de [[Papa Pio X|Pio X]] (que durou de 1903 a 1914), na ocasião da condenação papal do [[Modernismo (teologia)|modernismo]] em 1907, em que os "''catholiques intégraux''", encorajados por [[Papa Pio X|Pio X]], procuraram e expuseram qualquer co-religioso que suspeitassem de modernismo ou [[Liberalismo clássico|liberalismo]], de onde surgem as palavras ''intégrisme'' (integrismo) e ''intégralisme'' (integralismo). Uma importante organização integralista foi a [[Sodalitium Pianum]], conhecida na França como ''La Sapinière (''"plantação de [[abeto]]s"), fundada em 1909 por [[Umberto Benigni]].<ref name=":2" /> |
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O integralismo católico sofreu um declínio após o [[Concílio Vaticano II|Segundo Concílio do Vaticano]] (1962), devido à falta de apoio da hierarquia católica; durante esse tempo, outras ideias foram propostas sobre a relação entre a Igreja e o Estado. No entanto, até mesmo o Segundo Concílio do Vaticano finalmente se aliou ao entendimento integralista, afirmando em [[Dignitatis Humanae|Dignitatis humanae]] que o Concílio "deixa intacto o ensino tradicional do dever que o Estado deve à Igreja", ou seja, o reconhecimento da Igreja como a religião do Estado, a menos que isso prejudique o bem comum. Ainda assim, o documento também afirmou a liberdade de consciência pessoal e a liberdade religiosa; no auge do período pós-conciliar, estas se tornaram o foco do discurso teológico, com a exclusão do ensino tradicional das relações igreja-estado. Ainda no período pós-conciliar, o integralismo católico passou a ser apoiado principalmente por [[Catolicismo tradicionalista|católicos tradicionalistas]], como os associados à [[Sociedade de São Pio X]] e a várias organizações católicas [[Leigo|leigas]]. Nos últimos anos, entretanto, uma renovação do integralismo católico foi observada entre a geração mais jovem de católicos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Douthat|primeiro=Ross|data=2016-10-08|titulo=Opinion {{!}} Among the Post-Liberals|url=https://www.nytimes.com/2016/10/09/opinion/sunday/among-the-post-liberals.html|jornal=The New York Times|lingua=en-US|issn=0362-4331}}</ref> |
O integralismo católico sofreu um declínio após o [[Concílio Vaticano II|Segundo Concílio do Vaticano]] (1962), devido à falta de apoio da hierarquia católica; durante esse tempo, outras ideias foram propostas sobre a relação entre a Igreja e o Estado. No entanto, até mesmo o Segundo Concílio do Vaticano finalmente se aliou ao entendimento integralista, afirmando em [[Dignitatis Humanae|Dignitatis humanae]] que o Concílio "deixa intacto o ensino tradicional do dever que o Estado deve à Igreja", ou seja, o reconhecimento da Igreja como a religião do Estado, a menos que isso prejudique o bem comum. Ainda assim, o documento também afirmou a liberdade de consciência pessoal e a liberdade religiosa; no auge do período pós-conciliar, estas se tornaram o foco do discurso teológico, com a exclusão do ensino tradicional das relações igreja-estado. Ainda no período pós-conciliar, o integralismo católico passou a ser apoiado principalmente por [[Catolicismo tradicionalista|católicos tradicionalistas]], como os associados à [[Sociedade de São Pio X]] e a várias organizações católicas [[Leigo|leigas]]. Nos últimos anos, entretanto, uma renovação do integralismo católico foi observada entre a geração mais jovem de católicos.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Douthat|primeiro=Ross|data=2016-10-08|titulo=Opinion {{!}} Among the Post-Liberals|url=https://www.nytimes.com/2016/10/09/opinion/sunday/among-the-post-liberals.html|jornal=The New York Times|lingua=en-US|issn=0362-4331}}</ref> |
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Alguns acadêmicos traçaram paralelos entre o integralismo católico e uma visão defendida por uma minoria nas igrejas reformadas, o [[reconstrucionismo cristão]].<ref>{{Citar web|titulo=Evangelical Fundamentalism and Catholic Integralism: A surprising ecumenism|url=https://www.laciviltacattolica.it/articolo/evangelical-fundamentalism-and-catholic-integralism-in-the-usa-a-surprising-ecumenism/ |
Alguns acadêmicos traçaram paralelos entre o integralismo católico e uma visão defendida por uma minoria nas igrejas reformadas, o [[reconstrucionismo cristão]].<ref>{{Citar web|titulo=Evangelical Fundamentalism and Catholic Integralism: A surprising ecumenism|url=https://www.laciviltacattolica.it/articolo/evangelical-fundamentalism-and-catholic-integralism-in-the-usa-a-surprising-ecumenism/|data=2017-07-13|acessodata=2019-12-29|primeiro=Antonio|ultimo=Spadaro|publicado=La Civiltà Cattolica|primeiro2=Marcelo|ultimo2=Figueroa}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Journal: Strip religious garb, fundamentalist tones from political power|url=https://www.catholicnews.com/services/englishnews/2017/strip-religious-garb-fundamentalist-tones-from-us-political-power.cfm|acessodata=2019-12-29|data=13-07-2017|publicado=Catholic News Service|ultimo=Glatz|primeiro=Carol}}</ref> No ''National Catholic Reporter'', Joshua J. McElwee afirmou que tanto os integralistas católicos quanto os reconstrucionistas cristãos reformados criaram uma aliança ecumênica não tradicional com o objetivo de estabelecer um "[[Teocracia|tipo de estado teocrático]]".<ref>{{Citar web|titulo=Italian Jesuit magazine criticizes political attitudes of some US Catholics|url=https://www.ncronline.org/news/vatican/italian-jesuit-magazine-criticizes-political-attitudes-some-us-catholics|data=2017-07-13|acessodata=2019-12-29|lingua=en|publicado=National Catholic Reporter|ultimo=McElwee|primeiro=Joshua J.}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Why Should We Read Spadaro on ‘Catholic Integralism’? {{!}} Commonweal Magazine|url=https://www.commonwealmagazine.org/why-should-we-read-spadaro-%E2%80%98catholic-integralism%E2%80%99|obra=|acessodata=2019-12-29|data=18-07-2017|publicado=Commonweal Magazine|ultimo=Faggioli|primeiro=Massimo}}</ref> Outros acadêmicos traçaram, também, paralelos entre o integralismo e o [[fascismo]],<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=9wHNrF7nFecC&dq=&redir_esc=y|título=A History of Fascism, 1914-1945|ultimo=Payne|primeiro=Stanley G.|data=1995|editora=UCL Press|lingua=en|isbn=978-1-85728-595-6}}</ref> em especial o integralismo italiano<ref>{{citar livro|url=https://press.princeton.edu/books/paperback/9780691050898/integral-europe|título=Integral Europe: fast-capitalism, multiculturalism, neo-fascism.|ultimo=Holmes|primeiro=Douglas R.|editora=Princeton University Press|ano=2000|local=Princeton|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=zScJs9HjixQC&dq=integralism+italy&lr=&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s|título=Neo-nationalism in Europe and Beyond: Perspectives from Social Anthropology|ultimo=Gingrich|primeiro=André|ultimo2=Banks|primeiro2=Marcus|data=2006|editora=Berghahn Books|lingua=en|isbn=978-1-84545-190-5}}</ref> e o integralismo brasileiro,<ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref name=":5">{{Citar periódico|ultimo=Williams|primeiro=Margaret Todaro|data=1974|titulo=The Politicization of the Brazilian Catholic Church: The Catholic Electoral League|url=https://www.cambridge.org/core/product/identifier/S0022193700013511/type/journal_article|jornal=Journal of Interamerican Studies and World Affairs|lingua=en|volume=16|numero=3|paginas=301–325|doi=10.2307/174888|issn=0022-1937|acessodata=}}</ref><ref name=":6">{{citar livro|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901974000600010|título=Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30|ultimo=Trindade|primeiro=Hélgio|editora=Difusão Européia do Livro|ano=1974|local=São Paulo|acessodata=}}</ref><ref name=":7">{{Citar periódico|ultimo=Bertonha|primeiro=João Fábio|data=2001|titulo=Entre Mussolini e Plínio Salgado: o Fascismo italiano, o Integralismo e o problema dos descendentes de italianos no Brasil|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-01882001000100005&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Revista Brasileira de História|lingua=pt|volume=21|numero=40|paginas=85–104|doi=10.1590/S0102-01882001000100005|issn=0102-0188}}</ref><ref name="jstor.org">{{Citar periódico|ultimo=Hilton|primeiro=Stanley E.|data=1972|titulo=Ação Integralista Brasileira: Fascism in Brazil, 1932-1938|url=http://www.jstor.org/stable/3512745|jornal=Luso-Brazilian Review|volume=9|numero=2|paginas=3–29|issn=0024-7413}}</ref> tendo-se cunhado o termo [[fascismo clerical]]. |
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== No Brasil == |
== No Brasil == |
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{{Artigo principal|Integralismo no Brasil}} |
{{Artigo principal|Integralismo no Brasil}} |
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[[Ficheiro: |
[[Ficheiro:Barroso com seu uniforme de secretário da milícia.jpg|miniaturadaimagem|293x293px|[[Gustavo Barroso]], um dos principais líderes do integralismo no Brasil, abertamente antissemita<ref name=":8">{{Citar periódico|ultimo=Carneiro|primeiro=Maria Luiza Tucci|data=1994-12-30|titulo=O pensamento antissemita de Gustavo Barroso|url=http://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/18736|jornal=Revista de História|lingua=pt|numero=129-131|paginas=279–281|doi=10.11606/issn.2316-9141.v0i129-131p279-281|issn=2316-9141|acessodata=}}</ref>|alt=]] |
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O integralismo brasileiro, que surge nos anos 1930,<ref name=":6" /> propugna a implantação do [[Estado Integral]], isto é, do “''Estado Corporativo Cristão, [[antitotalitário]], [[antiliberal]], [[anticomunista]]''”, inspirado no [[Cristianismo]], no [[Tomismo]] e nas realidades [[nacionais]] do Brasil e tendo por alicerces a [[dignidade da Pessoa Humana]] e os [[Grupos Sociais Naturais]] e por [[lema]] a tríade “''[[Deus, Pátria e Família]]''”.<ref name="Não_nomeado-xw6y-1"/> |
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Embora tenha sido um movimento predominantemente inspirado pela [[Doutrina Social da Igreja Católica]],<ref name=":3" /> os seus primórdios datam da viagem de [[Plínio Salgado]], escritor e jornalista que futuramente fundaria a [[Ação Integralista Brasileira]], à Europa, onde tem contato com o [[Itália fascista|fascismo italiano]], tendo ficado vivamente impressionado e escrito cartas a alguns companheiros sobre a possibilidade da criação de um movimento no Brasil em moldes similares.<ref name=":6" /> |
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Por isso, o estudo historiográfico atual debate-se se o integralismo brasileiro foi uma cópia dos movimentos fascistas na Europa ou se foi um movimento tipicamente brasileiro com características fascistas.<ref name=":3" /><ref name=":4" /><ref name=":6" /><ref name=":7" /><ref name="jstor.org"/><ref>{{Citar periódico|ultimo=Leandro Pereira Gonçalves|data=2014|titulo=The Integralism of Plínio Salgado: Luso-Brazilian Relations|url=http://www.jstor.org/stable/10.5699/portstudies.30.1.0067|jornal=Portuguese Studies|volume=30|numero=1|paginas=67|doi=10.5699/portstudies.30.1.0067}}</ref> É consenso, porém, que o integralismo brasileiro compartilha de diversas características do fascismo europeu, como as vestimentas, métodos de organização, o ativismo e em especial a ideologia do movimento integralista,<ref>{{citar periódico|ultimo=Cazetta|primeiro=Felipe Azevedo|data=2010|titulo=Integralismo e Fascismos: exposição entre diferenças e semelhança|url=https://periodicos.ufmg.br/index.php/temporalidades/article/view/5395/3322|jornal=Temporalidades - Revista Discente do Programa de Pós-graduação em História da UFMG|acessodata=|citacao=Frente à riqueza de símbolos, rituais e uniformes, além da postura ideológica nacionalista e de anti-esquerda ser sincrônica à eclosão dos fascismos na Europa a comparação com os mesmos, torna-se inevitável.}}</ref> além da relação de seus líderes com o [[racismo]] e o [[antissemitismo]].<ref name=":8" /><ref>{{Citar web|titulo=O integralismo brasileiro nunca deixou de existir|url=https://www.vice.com/pt_br/article/7xn4kx/o-integralismo-brasileiro-nunca-deixou-de-existir|obra=Vice|data=2019-02-21|acessodata=2019-12-30|lingua=pt|primeiro=Felipe Pessanha|ultimo=Marie Declercq|publicado=}}</ref> Alguns pesquisadores argumentam, ainda, que "o Integralismo Brasileiro foi, sim, manifestação local do fascismo internacional, sendo este entendido em sentido amplo, isto é, como um movimento autoritário, antiliberal e antissocialista e com ritualística própria".<ref>{{citar livro|url=https://repositorio.usp.br/single.php?_id=001326034&locale=en_US|título=O Integralismo e os Trabalhadores: as relações entre a AIB, os Sindicatos e os Trabalhadores através do Jornal "Acção".|ultimo=Dotta|primeiro=Renato Alencar|editora=Universidade de São Paulo|ano=2003|local=São Paulo|página=13|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Lima|primeiro=Marcelo Alves de Paula|data=|titulo=Em guarda contra as altas finanças: o pensamento de Gottfried Feder e Gustavo Barroso em perspectiva comparada (1919-1939)|url=http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8137/tde-17102017-154639/|lingua=pt-br|acessodata=|citacao=O fascismo é geralmente compreendido como uma forma de dominação com um partido único de massa hierarquicamente organizado. Igualmente característicos do fascismo são o culto a um líder, a exaltação da coletividade nacional (colocada acima dos interesses individuais e de classe), o anticomunismo, o antiliberalismo, o corporativismo, a mobilização das massas, a violência contra toda forma de oposição, o controle dos meios de comunicação por parte do Estado, um aparelho de propaganda e um elevado dirigismo estatal na economia que não viola a propriedade privada. (p. 64)}}</ref> |
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[[Ficheiro:Jornal do Povo - "Revoada dos Galinhas Verdes".jpeg|esquerda|miniaturadaimagem|Manchete no ''Jornal do Povo'' satirizando os membros da AIB: "Um integralista não corre: vôa..."]] |
[[Ficheiro:Jornal do Povo - "Revoada dos Galinhas Verdes".jpeg|esquerda|miniaturadaimagem|Manchete no ''Jornal do Povo'' satirizando os membros da AIB: "Um integralista não corre: vôa..."]] |
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=== Batalha da Praça da Sé === |
=== Batalha da Praça da Sé === |
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[[Batalha da Praça da Sé|A revoada dos galinhas verdes]], como ficou conhecida, ocorreu em 07 de outubro de 1934. A Ação Integralista Brasileira (AIB), na oportunidade dos dois anos do Manifesto Integralista, convocara um comício popular. A [[Frente Única Antifascista]], o [[Partido Comunista Brasileiro]], e demais setores [[Antifascismo|antifascistas]] da sociedade, como sindicatos, comunistas e anarquistas, convocaram contramanifestação para o mesmo dia, e planos foram elaborados para deter o avanço do integralismo. O conflito armado estourou e resultou na debandada do comício integralista, além de sete mortes e trinta feridos. Ainda hoje, o conflito é considerado uma das maiores demonstrações antifascistas no Brasil.<ref>{{Citar livro|url=https://www.expressaopopular.com.br/loja/produto/revoada-das-galinhas-verdes-a-uma-historia-da-luta-contra-o-fascismo-no-brasil/|título=A revoada dos galinhas verdes: uma história da luta contra o fascismo no Brasil|ultimo=Abramo|primeiro=Fulvio|data=2014|editora=Veneta |
[[Batalha da Praça da Sé|A revoada dos galinhas verdes]], como ficou conhecida, ocorreu em 07 de outubro de 1934. A Ação Integralista Brasileira (AIB), na oportunidade dos dois anos do Manifesto Integralista, convocara um comício popular. A [[Frente Única Antifascista]], o [[Partido Comunista Brasileiro]], e demais setores [[Antifascismo|antifascistas]] da sociedade, como sindicatos, comunistas e anarquistas, convocaram contramanifestação para o mesmo dia, e planos foram elaborados para deter o avanço do integralismo. O conflito armado estourou e resultou na debandada do comício integralista, além de sete mortes e trinta feridos. Ainda hoje, o conflito é considerado uma das maiores demonstrações antifascistas no Brasil.<ref>{{Citar livro|url=https://www.expressaopopular.com.br/loja/produto/revoada-das-galinhas-verdes-a-uma-historia-da-luta-contra-o-fascismo-no-brasil/|título=A revoada dos galinhas verdes: uma história da luta contra o fascismo no Brasil|ultimo=Abramo|primeiro=Fulvio|data=2014|editora=Veneta|local=São Paulo|isbn=978-85-63137-29-6|oclc=915855025|acessodata=}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Castro|primeiro=Ricardo Figueiredo de|ultimo2=Castro|primeiro2=Ricardo Figueiredo de|data=2002|titulo=A Frente Única Antifascista (FUA) e o antifascismo no Brasil (1933-1934)|url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S2237-101X2002000200354&lng=en&nrm=iso&tlng=pt|jornal=Topoi (Rio de Janeiro)|lingua=pt|volume=3|numero=5|paginas=354–388|doi=10.1590/2237-101X0030050015|issn=2237-101X|acessodata=}}</ref> |
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=== A relação com Getúlio Vargas e a tentativa de golpe === |
=== A relação com Getúlio Vargas e a tentativa de golpe === |
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[[Ficheiro:Plínio Salgado e membros do movimento integralista, sem data.tif|miniaturadaimagem|[[Plínio Salgado]] e membros do movimento integralista]] |
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Por parte do período em que [[Getúlio Vargas]] esteve no poder (1930-1945), o integralismo brasileiro exercia forte influência e, temporariamente, serviu de base do [[Era Vargas|Governo Vargas]].<ref name=":5" /><ref>{{Citar periódico|ultimo=Williams|primeiro=Margaret Todaro|data=1976-10-01|titulo=Church and State in Vargas's Brazil: The Politics of Cooperation|url=https://academic.oup.com/jcs/article/18/3/443/771277|jornal=Journal of Church and State|lingua=en|volume=18|numero=3|paginas=443–462|doi=10.1093/jcs/18.3.443|issn=0021-969X}}</ref><ref name=":9">{{citar periódico|ultimo=Calil|primeiro=Gilberto|data=2010|titulo=Os integralistas frente ao Estado Novo: euforia, decepção e subordinação|url=https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20135|jornal=Locus: revista de história|acessodata=}}</ref> Entretanto, em razão de discordâncias políticas, o integralismo rompe com Vargas; e em Dezembro de 1937, Vargas publica o Decreto-lei nº 37, que extinguia as agremiações políticas em todo o país – e, consequentemente, a AIB. Como retaliação, integrantes milicianos da AIB organizaram para Maio de 1938 o que ficou conhecido como [[Levante Integralista]]. O Levante falhou e os integralistas foram derrotados sem muita dificuldade, isso resultou em cerca de 1 |
Por parte do período em que [[Getúlio Vargas]] esteve no poder (1930-1945), o integralismo brasileiro exercia forte influência e, temporariamente, serviu de base do [[Era Vargas|Governo Vargas]].<ref name=":5" /><ref>{{Citar periódico|ultimo=Williams|primeiro=Margaret Todaro|data=1976-10-01|titulo=Church and State in Vargas's Brazil: The Politics of Cooperation|url=https://academic.oup.com/jcs/article/18/3/443/771277|jornal=Journal of Church and State|lingua=en|volume=18|numero=3|paginas=443–462|doi=10.1093/jcs/18.3.443|issn=0021-969X}}</ref><ref name=":9">{{citar periódico|ultimo=Calil|primeiro=Gilberto|data=2010|titulo=Os integralistas frente ao Estado Novo: euforia, decepção e subordinação|url=https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20135|jornal=Locus: revista de história|acessodata=}}</ref> Entretanto, em razão de discordâncias políticas, o integralismo rompe com Vargas; e em Dezembro de 1937, Vargas publica o Decreto-lei nº 37, que extinguia as agremiações políticas em todo o país – e, consequentemente, a AIB. Como retaliação, integrantes milicianos da AIB organizaram para Maio de 1938 o que ficou conhecido como [[Levante Integralista]]. O Levante falhou e os integralistas foram derrotados sem muita dificuldade, isso resultou em cerca de 1 500 encarceramentos e o exílio de [[Plínio Salgado]] para [[Portugal]]. Com isso, o movimento integralista no Brasil perde força e se debanda.<ref>{{Citar web|titulo=Anos de Incerteza (1930 - 1937) > Ação Integralista Brasileira (AIB)|url=https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas1/anos30-37/RadicalizacaoPolitica/AIB|acessodata=|data=|publicado=Fundação Getúlio Vargas|ultimo=CPDOC|primeiro=}}</ref> Entretanto, por diversas ocasiões os integralistas tentam estabelecer uma reaproximação com Vargas, interpretadas como uma postura subordinada.<ref name=":9" /> |
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[[Ficheiro:Em_manifestação_realizada_no_centro_de_São_Paulo,_em_novembro,_grupo_neointegralista_ressuscita_velhas_fardas_e_saudações.webp|alt=|esquerda|miniaturadaimagem|188x188px|Em manifestação realizada no centro de São Paulo, em novembro, grupo neointegralista ressuscita velhas fardas e saudações.]] |
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=== Contemporaneidade === |
=== Contemporaneidade === |
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Atualmente, a organização dos novos integralistas se dá nacionalmente através da internet e a independência de alguns novos integralistas é disputada por grupos internos, que defendem para si a posse da verdade doutrinária.<ref>{{citar periódico|ultimo=Carneiro|primeiro=Márcia Regina da Silva Ramos|data=2010|titulo=O sigma na atualidade|url=https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20138|jornal=Locus: revista de História|acessodata=}}</ref> Em dezembro de 2019, uma série de reportagens relataram as reorganizações dos grupos neointegralistas<ref>{{Citar web|titulo=Integralistas estão de volta e resgatam camisas verdes - Política|url=https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,integralistas-estao-de-volta-e-resgatam-camisas-verdes,70003126265 |
Atualmente, a organização dos novos integralistas se dá nacionalmente através da internet e a independência de alguns novos integralistas é disputada por grupos internos, que defendem para si a "posse da verdade doutrinária".<ref>{{citar periódico|ultimo=Carneiro|primeiro=Márcia Regina da Silva Ramos|data=2010|titulo=O sigma na atualidade|url=https://periodicos.ufjf.br/index.php/locus/article/view/20138|jornal=Locus: revista de História|acessodata=}}</ref> Em dezembro de 2019, uma série de reportagens relataram as reorganizações dos grupos neointegralistas<ref>{{Citar web|titulo=Integralistas estão de volta e resgatam camisas verdes - Política|url=https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,integralistas-estao-de-volta-e-resgatam-camisas-verdes,70003126265|acessodata=2019-12-30|lingua=pt-BR|data=15-12-2019|publicado=Estadão|ultimo=Fucs|primeiro=José}}</ref> na conjuntura da política de [[extrema-direita]] e do [[bolsonarismo]],<ref>{{Citar web|titulo=Do bolsonarismo ao integralismo, como a extrema direita se organiza na Internet|url=https://brasil.elpais.com/brasil/2019-12-28/do-bolsonarismo-ao-integralismo-como-a-extrema-direita-se-organiza-na-internet.html|obra=EL PAÍS|data=2019-12-29|acessodata=2019-12-30|lingua=pt-br|primeiro=Felipe|ultimo=Betim}}</ref> notoriamente após um ataque realizado ao [[Porta dos Fundos]] por um grupo autodeclarado integralista.<ref>{{Citar web|titulo=O que foi (e ainda é) o integralismo brasileiro?|url=https://super.abril.com.br/historia/o-que-foi-e-ainda-e-o-integralismo-brasileiro/|obra=Superinteressante|acessodata=2019-12-30|lingua=pt-BR|data=|publicado=|ultimo=Rossini|primeiro=Maria Clara}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Afinal, o que é integralismo?|url=https://revistaforum.com.br/politica/afinal-o-que-e-integralismo/|obra=Revista Fórum|data=2019-12-26|acessodata=2019-12-30|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=O ataque à Porta dos Fundos e a ameaça da volta do integralismo|url=https://istoe.com.br/o-ataque-a-porta-dos-fundos-e-a-ameaca-da-volta-do-integralismo/|obra=ISTOÉ Independente|data=2019-12-27|acessodata=2019-12-30|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Senra - @ricksenra|primeiro=Ricardo|data=2019-12-27|titulo='Integralismo se fragmentou em pequenos grupos neofascistas', diz biógrafo de Plínio Salgado|url=https://www.bbc.com/portuguese/internacional-50920796|lingua=en-GB}}</ref><ref>{{Citar web|titulo=Suspeito de ataque ao Porta dos Fundos foi para a Rússia antes de mandado de prisão – Jovem Pan|url=https://jovempan.com.br/noticias/brasil/eduardo-fauzi-russia.html|obra=Jovem Pan|data=2020-01-02|acessodata=2020-01-11|lingua=pt-BR}}</ref> |
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== Em Portugal == |
== Em Portugal == |
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Os integralistas lusos, mais tarde, demarcaram-se do "maurrasianismo".<ref>José Hipólito Raposo, Dois Nacionalismos - L'Action française e o Integralismo Lusitano, Lisboa, Férin, 1929.</ref> e do [[salazarismo]], a quem inclusivamente este último combateram, sofrendo alguns deles a deportação ([[Hipólito Raposo]]) e a prisão (idem, [[Francisco Rolão Preto]])<ref>José Manuel Quintas, Filhos de Ramires - As origens do Integralismo Lusitano, Lisboa, Editorial Nova Ática, pp. 17-18.</ref> |
Os integralistas lusos, mais tarde, demarcaram-se do "maurrasianismo".<ref>José Hipólito Raposo, Dois Nacionalismos - L'Action française e o Integralismo Lusitano, Lisboa, Férin, 1929.</ref> e do [[salazarismo]], a quem inclusivamente este último combateram, sofrendo alguns deles a deportação ([[Hipólito Raposo]]) e a prisão (idem, [[Francisco Rolão Preto]])<ref>José Manuel Quintas, Filhos de Ramires - As origens do Integralismo Lusitano, Lisboa, Editorial Nova Ática, pp. 17-18.</ref> |
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== Críticas == |
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O [[Southern Poverty Law Center]] usa o termo "integrismo" para se referir aos "católicos tradicionalistas radicais" que rejeitam o [[Concílio Vaticano II]]. O SPLC os descreve como [[Antissemitismo|antissemitas]] e "extremamente conservadores" em relação às mulheres, e também observa que alguns deles [[Sedevacantismo|afirmam que os papas recentes são ilegítimos]].<ref>{{Citar web|url=https://www.splcenter.org/fighting-hate/extremist-files/ideology/radical-traditional-catholicism|titulo=Radical Traditional Catholicism|acessodata=2023-07-06|publicado=[[Southern Poverty Law Center]]|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20190110223617/https://www.splcenter.org/fighting-hate/extremist-files/ideology/radical-traditional-catholicism|arquivodata=10.01.2019|urlmorta=não}}</ref> |
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Críticos e opositores do integralismo, como [[George Weigel]], argumentam que o movimento pode ser associado ao [[fascismo]].<ref>{{Citar web|ultimo=Weigel|primeiro=George|url=https://www.firstthings.com/web-exclusives/2020/05/games-intellectuals-play|titulo=Games Intellectuals Play|data=2020-05-20|acessodata=2023-07-06|website=First Things|lingua=en}}</ref> Os defensores do integralismo argumentam que é um erro associar o movimento ao fascismo, afirmando que ele se desenvolveu antes do fascismo, e que a colaboração entre grupos fascistas e integralistas é exagerada. John Zmirak critica os católicos integralistas contemporâneos como inimigos da [[liberdade religiosa]],<ref>{{Citar web|ultimo=Zmirak|primeiro=John|url=https://stream.org/catholics-reject-freedom-at-their-own-peril/|titulo=Catholics Reject Freedom at Their Own Peril|data=2017-08-05|acessodata=2023-07-06|website=The Stream|lingua=en-US}}</ref> enquanto autores como Thomas Pink insistem que o integralismo é compatível com a declaração de liberdade religiosa do Concílio Vaticano II.<ref>{{Citar web|ultimo=Pink|primeiro=Thomas|url=https://www.thepublicdiscourse.com/2020/05/63226/|titulo=Integralism, Political Philosophy, and the State|data=2020-05-09|acessodata=2023-07-06|website=Public Discourse|lingua=en-US}}</ref> |
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== Ver também == |
== Ver também == |
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* [[Corporativismo]] |
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* [[Estado |
* [[Estado integral]] |
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* [[Igreja Católica]] |
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* [[Fascismo]] |
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* [[Fascismo clerical]] |
* [[Fascismo clerical]] |
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* [[Estado Novo (Portugal)]], governado por [[António de Oliveira Salazar]] |
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* [[Nacionalismo integralista]] |
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* [[Charles Maurras]] |
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* [[Integralismo Brasileiro]] |
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* [[Integralismo Lusitano]] |
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* CHASIN, Jean. O Integralismo de Plínio Salgado: forma de regressividade no capitalismo hipertardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978. |
* CHASIN, Jean. O Integralismo de Plínio Salgado: forma de regressividade no capitalismo hipertardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978. |
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* CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista Brasileira. In: CHAUÍ, Marilena; FRANCO, Maria S. Carvalho. Ideologia e mobilização popular. Rio de Janeiro: CEDEC/Paz e Terra, 1978. |
* CHAUÍ, Marilena. Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista Brasileira. In: CHAUÍ, Marilena; FRANCO, Maria S. Carvalho. Ideologia e mobilização popular. Rio de Janeiro: CEDEC/Paz e Terra, 1978. |
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* FIGUEIRA, Guilherme Jorge. As eleições de 1955: Ensaio sobre a participação de Plínio Salgado nas eleições presidenciais. Revista do Arquivo, Rio Claro-SP. n. 11, p. |
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* MAIO, Marcos Chor; CYTRYNOWICZ, Roney. Ação Integralista Brasileira: um movimento fascista no Brasil (1932-1938). In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida. O tempo do nacional-estatismo: do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. (O Brasil republicano, v. 2). |
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* SANTANA, Márcio Santos de. O Integralismo, as novas gerações e o problema da consciência histórica. Esboços, v. 18, p. |
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* SILVA, Helio. 1938: terrorismo em Campo Verde. O Ciclo Vargas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. |
* SILVA, Helio. 1938: terrorismo em Campo Verde. O Ciclo Vargas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. |
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* TRINDADE, Hélgio. Integralismo (O fascismo brasileiro na década de 30). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1974. |
* TRINDADE, Hélgio. Integralismo (O fascismo brasileiro na década de 30). São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1974. |
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* [https://journals.openedition.org/orda/5853?lang=fr Neointegralismo: do debate historiográfico a uma possível definição, por Odilon Caldeira Neto, ORDA] |
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* [http://www.integralismo.org.br/?cont=75 Manifesto Integralista de 07/10/1932] |
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* [https://journals.openedition.org/orda/5853?lang=fr Neointegralismo: do debate historiográfico a uma possível definição, por Odilon Caldeira Neto, ORDA] |
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* [https://periodicos.uff.br/revistapassagens/article/view/48234 Cultura política e política de massas: aproximações entre integralismo e neointegralismo, por João Henrique Zanelatto, Revista Internacional De História Política E Cultura Jurídica, 2021] |
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* [https://recil.ensinolusofona.pt/handle/10437/4214 Catolicismo e Integralismo como lugares de produção do conhecimento histórico entre o Brasil e Portugal em começos do século XX, Giselda Brito Silva, Edições Universitárias Lusófonas, 2008] |
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* [https://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/iberoamericana/article/view/7856/5570 A evolução dos estudos sobre o integralismo, Rodrigo Santos de Oliveira, Estudos Ibero Americanos, Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS), 2010, Vol. 36, no. 1] |
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Edição atual tal como às 22h15min de 26 de março de 2024
Integralismo ou integrismo é uma interpretação política da Doutrina Social Católica que defende o princípio de que a religião católica deve ser a base do sistema legal e das políticas do Estado dentro da sociedade civil, onde quer que a preponderância dos católicos dentro dessa sociedade torne isso possível. O integralismo é contra o pluralismo[1] e defende que a fé católica deve ser dominante tanto nas questões civis, como nas religiosas. Os integralistas defendem a definição de 1864 do Papa Pio IX em sua encíclica Quanta cura de que a neutralidade religiosa do poder civil não pode ser abraçada como uma situação ideal e a doutrina de Leão XIII em Immortale Dei sobre as obrigações religiosas dos Estados.[2] Em dezembro de 1965, o Concílio Vaticano II aprovou e o Papa Paulo VI promulgou o documento Dignitatis humanae – a “Declaração sobre a Liberdade Religiosa” do Concílio – que afirma que “deixa intocada a doutrina católica tradicional sobre o dever moral dos homens e das sociedades para com a verdadeira religião e para a única Igreja de Cristo". No entanto, eles declararam simultaneamente "que a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa", um movimento que alguns católicos tradicionalistas, como o arcebispo Marcel Lefebvre, fundador da Fraternidade Sacerdotal de São Pio X, argumentaram que está em desacordo com os posicionamentos doutrinários anteriores da igreja.[3][4]
O termo às vezes é usado de forma mais livre e em contextos não católicos para se referir a um conjunto de conceitos teóricos e políticas práticas que defendem uma ordem social e política totalmente integrada com base em uma doutrina abrangente da natureza humana. Nesse sentido genérico, algumas formas de integralismo estão focadas puramente em alcançar a integração política e social, outras na unidade nacional ou étnica, enquanto outras estão mais focadas em alcançar a uniformidade religiosa e cultural. O integralismo, portanto, também foi usado para descrever movimentos religiosos não-católicos, como o protestantismo fundamentalista ou o fundamentalismo islâmico.[5] Na história política e social dos séculos XIX e XX, o termo integralismo foi frequentemente aplicado ao conservadorismo tradicionalista e movimentos políticos similares na ala direita de um espectro político, mas também foi adotado por vários movimentos centristas como uma ferramenta de integração política, nacional e cultural.
Como movimento cívico-político-cultural de renovação moral e social,[6] o integralismo surgiu das polêmicas discussões internas da Igreja Católica no final do século XIX e início do século XX, especialmente na França.[7] O termo integralista foi usado como adjetivo para descrever aqueles que se opunham aos "modernistas filosóficos-catolicistas", que procuravam criar uma síntese entre a teologia cristã e a filosofia liberal da modernidade secular. Os defensores do integralismo pregavam que toda ação social e política deveria ser baseada na fé católica e rejeitavam a separação entre Igreja e Estado, argumentando que o catolicismo deveria ser proclamado a religião do Estado.[1] Discussões contemporâneas dentro da Igreja Católica a respeito do integralismo foram renovadas com críticas ao liberalismo.[8][9]
No Brasil, o catolicismo influenciou o movimento político do integralismo entre 1932 e 1937, sendo este considerado um braço político e fascista da Igreja Católica.[10][11] Em Portugal, o Integralismo Lusitano foi um movimento político surgido em 1914, de carácter monárquico, católico, nacionalista e antiliberal, que se opunha tanto à democracia republicana de 1910 como à monarquia constitucional de 1820. Defendia o regresso a uma monarquia tradicional, nacionalista e antiparlamentar, na qual o monarca seria o chefe de Estado e concentraria em si as funções governativas e executivas.[12]
As discussões contemporâneas sobre o integralismo foram renovadas em 2014, com foco na crítica ao liberalismo e ao capitalismo.[13][14]
História e ideais
[editar | editar código-fonte]O integralismo católico é uma tendência antipluralista do catolicismo, tendo emergido no século XIX em Portugal, Espanha, França, Itália e România, visava afirmar uma interpretação de base católica a toda ação política e social, e minimizar ou eliminar quaisquer atores ideológicos concorrentes, como o humanismo secular e o liberalismo.[15] Além disso, o integralismo católico não apoia a criação de um novo "Estado Católico" autônomo, tampouco o erastianismo (galicanismo no contexto francês). Pelo contrário, apoia a subordinação do Estado aos princípios morais do catolicismo. Dessa forma, rejeita separar moralidade e Estado, favorecendo o catolicismo como a religião proclamada oficial pelo Estado.[1] Este advoga pelo ensino sobre a necessidade da subordinação do Estado, assim como papas medievais Papa Gregório VII e Papa Bonifácio VIII, além da subordinação do poder temporal ao poder espiritual. Ainda assim, o integralismo católico, em sentido estrito, surgiu como uma reação contra as mudanças políticas e culturais que se seguiram ao Iluminismo e à Revolução Francesa.[1] O integralismo católico atingiu sua forma "clássica" a partir de uma reação contra o modernismo, insistindo que o poder político deve guiar o homem ao seu último fim, rejeitando a separação liberal entre a política e os fins da vida humana.[16] Pode-se dizer que o integralismo é meramente a continuação moderna da concepção católica tradicional das relações Igreja-Estado elucidada pelo Papa Gelásio I e exposta ao longo dos séculos até o Sílabo dos Erros, que condenou a ideia de que a separação entre Igreja e Estado é um bem moral.
O papado do século XIX desafiou o crescimento do liberalismo (e sua doutrina da soberania popular), bem como novos métodos e teorias científicas e históricas (que se pensava ameaçar o status quo da revelação cristã). O Papa Pio IX condenou uma série de ideias iluministas e liberais ao publicar o Sílabo dos Erros. Já o termo integralismo foi aplicado, pela primeira vez, a um partido político espanhol fundado em 1890, que baseou seu programa no Sílabo.[1] Entretanto, o termo não se tornou popular até o papado de Pio X (que durou de 1903 a 1914), na ocasião da condenação papal do modernismo em 1907, em que os "catholiques intégraux", encorajados por Pio X, procuraram e expuseram qualquer co-religioso que suspeitassem de modernismo ou liberalismo, de onde surgem as palavras intégrisme (integrismo) e intégralisme (integralismo). Uma importante organização integralista foi a Sodalitium Pianum, conhecida na França como La Sapinière ("plantação de abetos"), fundada em 1909 por Umberto Benigni.[1]
O integralismo católico sofreu um declínio após o Segundo Concílio do Vaticano (1962), devido à falta de apoio da hierarquia católica; durante esse tempo, outras ideias foram propostas sobre a relação entre a Igreja e o Estado. No entanto, até mesmo o Segundo Concílio do Vaticano finalmente se aliou ao entendimento integralista, afirmando em Dignitatis humanae que o Concílio "deixa intacto o ensino tradicional do dever que o Estado deve à Igreja", ou seja, o reconhecimento da Igreja como a religião do Estado, a menos que isso prejudique o bem comum. Ainda assim, o documento também afirmou a liberdade de consciência pessoal e a liberdade religiosa; no auge do período pós-conciliar, estas se tornaram o foco do discurso teológico, com a exclusão do ensino tradicional das relações igreja-estado. Ainda no período pós-conciliar, o integralismo católico passou a ser apoiado principalmente por católicos tradicionalistas, como os associados à Sociedade de São Pio X e a várias organizações católicas leigas. Nos últimos anos, entretanto, uma renovação do integralismo católico foi observada entre a geração mais jovem de católicos.[17]
Alguns acadêmicos traçaram paralelos entre o integralismo católico e uma visão defendida por uma minoria nas igrejas reformadas, o reconstrucionismo cristão.[18][19] No National Catholic Reporter, Joshua J. McElwee afirmou que tanto os integralistas católicos quanto os reconstrucionistas cristãos reformados criaram uma aliança ecumênica não tradicional com o objetivo de estabelecer um "tipo de estado teocrático".[20][21] Outros acadêmicos traçaram, também, paralelos entre o integralismo e o fascismo,[22] em especial o integralismo italiano[23][24] e o integralismo brasileiro,[10][11][25][26][27][28] tendo-se cunhado o termo fascismo clerical.
No Brasil
[editar | editar código-fonte]O integralismo brasileiro, que surge nos anos 1930,[26] propugna a implantação do Estado Integral, isto é, do “Estado Corporativo Cristão, antitotalitário, antiliberal, anticomunista”, inspirado no Cristianismo, no Tomismo e nas realidades nacionais do Brasil e tendo por alicerces a dignidade da Pessoa Humana e os Grupos Sociais Naturais e por lema a tríade “Deus, Pátria e Família”.[6]
Embora tenha sido um movimento predominantemente inspirado pela Doutrina Social da Igreja Católica,[10] os seus primórdios datam da viagem de Plínio Salgado, escritor e jornalista que futuramente fundaria a Ação Integralista Brasileira, à Europa, onde tem contato com o fascismo italiano, tendo ficado vivamente impressionado e escrito cartas a alguns companheiros sobre a possibilidade da criação de um movimento no Brasil em moldes similares.[26]
Por isso, o estudo historiográfico atual debate-se se o integralismo brasileiro foi uma cópia dos movimentos fascistas na Europa ou se foi um movimento tipicamente brasileiro com características fascistas.[10][11][26][27][28][30] É consenso, porém, que o integralismo brasileiro compartilha de diversas características do fascismo europeu, como as vestimentas, métodos de organização, o ativismo e em especial a ideologia do movimento integralista,[31] além da relação de seus líderes com o racismo e o antissemitismo.[29][32] Alguns pesquisadores argumentam, ainda, que "o Integralismo Brasileiro foi, sim, manifestação local do fascismo internacional, sendo este entendido em sentido amplo, isto é, como um movimento autoritário, antiliberal e antissocialista e com ritualística própria".[33][34]
Batalha da Praça da Sé
[editar | editar código-fonte]A revoada dos galinhas verdes, como ficou conhecida, ocorreu em 07 de outubro de 1934. A Ação Integralista Brasileira (AIB), na oportunidade dos dois anos do Manifesto Integralista, convocara um comício popular. A Frente Única Antifascista, o Partido Comunista Brasileiro, e demais setores antifascistas da sociedade, como sindicatos, comunistas e anarquistas, convocaram contramanifestação para o mesmo dia, e planos foram elaborados para deter o avanço do integralismo. O conflito armado estourou e resultou na debandada do comício integralista, além de sete mortes e trinta feridos. Ainda hoje, o conflito é considerado uma das maiores demonstrações antifascistas no Brasil.[35][36]
A relação com Getúlio Vargas e a tentativa de golpe
[editar | editar código-fonte]Por parte do período em que Getúlio Vargas esteve no poder (1930-1945), o integralismo brasileiro exercia forte influência e, temporariamente, serviu de base do Governo Vargas.[25][37][38] Entretanto, em razão de discordâncias políticas, o integralismo rompe com Vargas; e em Dezembro de 1937, Vargas publica o Decreto-lei nº 37, que extinguia as agremiações políticas em todo o país – e, consequentemente, a AIB. Como retaliação, integrantes milicianos da AIB organizaram para Maio de 1938 o que ficou conhecido como Levante Integralista. O Levante falhou e os integralistas foram derrotados sem muita dificuldade, isso resultou em cerca de 1 500 encarceramentos e o exílio de Plínio Salgado para Portugal. Com isso, o movimento integralista no Brasil perde força e se debanda.[39] Entretanto, por diversas ocasiões os integralistas tentam estabelecer uma reaproximação com Vargas, interpretadas como uma postura subordinada.[38]
Contemporaneidade
[editar | editar código-fonte]Atualmente, a organização dos novos integralistas se dá nacionalmente através da internet e a independência de alguns novos integralistas é disputada por grupos internos, que defendem para si a "posse da verdade doutrinária".[40] Em dezembro de 2019, uma série de reportagens relataram as reorganizações dos grupos neointegralistas[41] na conjuntura da política de extrema-direita e do bolsonarismo,[42] notoriamente após um ataque realizado ao Porta dos Fundos por um grupo autodeclarado integralista.[43][44][45][46][47]
Em Portugal
[editar | editar código-fonte]O integralismo em Portugal foi inicialmente uma reação ao anticlericalismo da 1.ª República Portuguesa implantada em 1910. O municipalismo e o sindicalismo de inspiração católica constituem a matriz. A ideologia defende a proteção dos valores nacionais (ex: passado histórico, tradição, cultura, costumes, religião), e a cooperação das diferentes classes sociais para atingir a harmonia e a união social. Atualmente engloba pessoas de quase todas as religiões.
O integralismo, no caso lusitano, defendeu a monarquia, a liberdade sindical e corporativa, e a livre competição entre grupos econômicos e empresas. A doutrina económica não era porém a política liberal partidocrática (aquela que aceita a existência de partidos políticos apenas na gestão da governação), defendendo antes o organicismo e o municipalismo. O integralismo opôs-se à luta de classes e às greves, sendo também contrário aos sindicatos estatais como os da Itália fascista da década de 1930. Como forma de resolver os conflitos laborais, defendia o recurso aos tribunais de trabalho.
Em Portugal, os críticos e adversários, como Raul Proença e Carlos Ferrão, associaram as ideias integralistas às da Acção Francesa de Charles Maurras. As ideias maurrasianas influenciaram muitos políticos na época, como por exemplo António de Oliveira Salazar, fundador do Estado Novo.
Os integralistas lusos, mais tarde, demarcaram-se do "maurrasianismo".[48] e do salazarismo, a quem inclusivamente este último combateram, sofrendo alguns deles a deportação (Hipólito Raposo) e a prisão (idem, Francisco Rolão Preto)[49]
Críticas
[editar | editar código-fonte]O Southern Poverty Law Center usa o termo "integrismo" para se referir aos "católicos tradicionalistas radicais" que rejeitam o Concílio Vaticano II. O SPLC os descreve como antissemitas e "extremamente conservadores" em relação às mulheres, e também observa que alguns deles afirmam que os papas recentes são ilegítimos.[50]
Críticos e opositores do integralismo, como George Weigel, argumentam que o movimento pode ser associado ao fascismo.[51] Os defensores do integralismo argumentam que é um erro associar o movimento ao fascismo, afirmando que ele se desenvolveu antes do fascismo, e que a colaboração entre grupos fascistas e integralistas é exagerada. John Zmirak critica os católicos integralistas contemporâneos como inimigos da liberdade religiosa,[52] enquanto autores como Thomas Pink insistem que o integralismo é compatível com a declaração de liberdade religiosa do Concílio Vaticano II.[53]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- ARAÚJO, Ricardo Benzaquen de. Totalitarismo e revolução: o integralismo de Plínio Salgado. Rio de Janeiro: Zahar, 1988.
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- VICTOR, Rogério Lustosa. O integralismo nas águas do Lete: história, memória e esquecimento. Ficha informativa de dissertação de mestrado. Disponível em: https://pos.historia.ufg.br/n/20553-2004-rogerio-lustosa-victor Acesso em: 01/02/2018
- VICTOR, Rogério Lustosa. O labirinto integralista: o PRP e o conflito de memórias (1938 – 1962). Tese de doutoramento. Disponível em: https://pos.historia.ufg.br/up/113/o/Rog%C3%A9rio_Lustosa_Victor.pdf Acesso em: 01/02/2018.
Referências
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O fascismo é geralmente compreendido como uma forma de dominação com um partido único de massa hierarquicamente organizado. Igualmente característicos do fascismo são o culto a um líder, a exaltação da coletividade nacional (colocada acima dos interesses individuais e de classe), o anticomunismo, o antiliberalismo, o corporativismo, a mobilização das massas, a violência contra toda forma de oposição, o controle dos meios de comunicação por parte do Estado, um aparelho de propaganda e um elevado dirigismo estatal na economia que não viola a propriedade privada. (p. 64)
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Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Neointegralismo: do debate historiográfico a uma possível definição, por Odilon Caldeira Neto, ORDA
- Neointegralismo: do debate historiográfico a uma possível definição, por Odilon Caldeira Neto, ORDA
- Cultura política e política de massas: aproximações entre integralismo e neointegralismo, por João Henrique Zanelatto, Revista Internacional De História Política E Cultura Jurídica, 2021
- Catolicismo e Integralismo como lugares de produção do conhecimento histórico entre o Brasil e Portugal em começos do século XX, Giselda Brito Silva, Edições Universitárias Lusófonas, 2008
- A evolução dos estudos sobre o integralismo, Rodrigo Santos de Oliveira, Estudos Ibero Americanos, Editora da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (EDIPUCRS), 2010, Vol. 36, no. 1