Ramal da Lousã: diferenças entre revisões
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Em 2009 iniciou-se o projecto de conversão do ramal num [[metropolitano|metropolitano de superfície]], denominado [[Metro Mondego|Metro [do] Mondego]], tendo sido implementadas as infra-estruturas de apoio ao transporte rodoviário, que substituiu o transporte ferroviário durante a conversão<ref>{{citar web|url=http://www.metromondego.pt/Comunica%C3%A7%C3%A3o/Not%C3%ADcias/2009/tabid/116/ItemId/52/Default.aspx|publicado=Metro do Mondego|acessodata=22 de Outubro de 2009|título=INFRA-ESTRUTURAS DAS PARAGENS DOS SERVIÇOS ALTERNATIVOS|data=28 de Setembro de 2009}}</ref>. |
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A adaptação da via para sistema de metropolitano de superfície iniciou-se em 2 de Dezembro, entre Serpins e Alto de São João. |
A adaptação da via para sistema de metropolitano de superfície iniciou-se em 2 de Dezembro de 2009, entre Serpins e Alto de São João. |
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O projecto do Metro do Mondego é oposto pelo Movimento de Defesa do Ramal da Lousã, um grupo que defende a modernização do material circulante e infra-estruturas no ramal<ref name=DCoimbra>{{citar web|url=http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=4117&Itemid=135|publicado=Diário de Coimbra|acessodata=22 de Outubro de 2009|título=Viajar como sardinha enlatada no Ramal da Lousã|data=6 de Outubro de 2009}}</ref>. Este grupo exige, ainda, o calendário das obras de requalificação, e garantias de qualidade nos transportes alternativos<ref>{{citar web|url=http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=14156&Itemid=1|publicado=ESQUERDA|acessodata=7 de Novembro de 2009|título=Manifestação marcada em defesa do Ramal da Lousã|data=6 de Novembro de 2009}}</ref>. |
O projecto do Metro do Mondego é oposto pelo Movimento de Defesa do Ramal da Lousã, um grupo que defende a modernização do material circulante e infra-estruturas no ramal<ref name=DCoimbra>{{citar web|url=http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=4117&Itemid=135|publicado=Diário de Coimbra|acessodata=22 de Outubro de 2009|título=Viajar como sardinha enlatada no Ramal da Lousã|data=6 de Outubro de 2009}}</ref>. Este grupo exige, ainda, o calendário das obras de requalificação, e garantias de qualidade nos transportes alternativos<ref>{{citar web|url=http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=14156&Itemid=1|publicado=ESQUERDA|acessodata=7 de Novembro de 2009|título=Manifestação marcada em defesa do Ramal da Lousã|data=6 de Novembro de 2009}}</ref>. |
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No dia 4 de Janeiro de 2010 foi encerrado o tráfego ferroviário neste ramal, passando o serviço a ser assegurado por autocarros<ref>{{citar web|url=http://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=1c341c639f984010VgnVCM1000007b01a8c0RCRD&contentId=20d0caf02b635210VgnVCM100000be01a8c0RCRD|publicado=Avisos da CP|título="Ramal da Lousã - Interrupção da circulação"|acessodata=19 de Fevereiro de 2012|títullo=Ramal da Lousã - Interrupção da circulação}}</ref>. |
No dia 4 de Janeiro de 2010 foi encerrado o tráfego ferroviário neste ramal, passando o serviço a ser assegurado por autocarros<ref>{{citar web|url=http://www.cp.pt/cp/displayPage.do?vgnextoid=1c341c639f984010VgnVCM1000007b01a8c0RCRD&contentId=20d0caf02b635210VgnVCM100000be01a8c0RCRD|publicado=Avisos da CP|título="Ramal da Lousã - Interrupção da circulação"|acessodata=19 de Fevereiro de 2012|títullo=Ramal da Lousã - Interrupção da circulação}}</ref>. |
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Em 6 de dezembro de 2014, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assumiu, em Miranda do Corvo, o compromisso de candidatar ao novo quadro comunitário de apoio uma solução de mobilidade para o ramal ferroviário da Lousã, que está desativado.<ref>{{citar web|URL=http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Coimbra&Concelho=Miranda%20do%20Corvo&Option=Interior&content_id=4282040|título=Passos Coelho assume compromisso para solução no Ramal da Lousã|autor=|data=|publicado=|acessodata=}}</ref> |
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Revisão das 21h03min de 6 de dezembro de 2014
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Fachada da Estação de Coimbra | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Mapa do “Metro Mondego”, incl. Ramal da Lousã | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Comprimento: | 35 km | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Bitola: | Bitola larga | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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O Ramal da Lousã, igualmente conhecido como Linha de Arganil, foi um troço ferroviário de bitola ibérica, que apresentava uma extensão de 36,9 quilómetros e ligava Coimbra a Serpins, passando por Ceira, Miranda do Corvo, e Lousã, em Portugal.
Caracterização
Material circulante
Um dos principais elementos de material circulante que asseguraram os serviços nesta ligação foram as automotoras da Série 0300.[2]
História
Planeamento e construção do Ramal de Coimbra
Uma lei publicada em 26 de Janeiro de 1876, ordenou que a Linha da Beira Alta deveria começar na Estação de Coimbra na Linha do Norte e terminar na fronteira com Espanha, passando por Santa Comba Dão; no entanto, surgiram vários problemas com este projecto, tendo uma nova lei, de 23 de Março de 1878, alterado o local de entroncamento para a Pampilhosa.[3] Desta forma, Coimbra perdeu a ligação directa à Linha da Beira Alta, pelo que, para compensar a cidade, a companhia construtora deveria instalar uma nova ligação ferroviária até à urbe, que também deveria ser um entreposto fluvial, para as mercadorias da Beira poderem seguir o Rio Mondego até ao Porto da Figueira da Foz; no entanto, em 1882, esta obra ainda não se tinha sequer iniciado, devido a conflitos entre a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses da Beira Alta e o estado português, por este ter autorizado, por uma lei de 2 de Maio desse ano, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a construir a Linha do Leste, cuja operação iria prejudicar os interesses da Companhia da Beira Alta.[3] Os direitos para a construção e gestão do ramal foram, assim, passados para a Companhia Real em 1883, que o inaugurou em 18 de Outubro de 1885[3], com o nome de Ramal de Coimbra.[4] A construção deste ramal foi duramente criticada, no entanto, pelos seus efeitos nefastos no desenvolvimento urbano na margem do Rio, e por condenar a futura continuação até à Lousã a um traçado menos racional.[5]
Formação da Companhia do Mondego
Os direitos de construção e gestão de uma ligação ferroviária entre Coimbra e Arganil foram atribuídos à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, pelos alvarás régios de 10 de Setembro de 1887 e 8 de Novembro de 1888; o primeiro firmou uma bitola de 1 metro para este caminho de ferro, tendo o segundo alterado a bitola para 1,67 metros.[6] Ficou, igualmente, estabelecido que a linha deveria estar totalmente construída dois anos após a aprovação do projecto.[7] A Companhia foi formada oficialmente em 12 de Novembro de 1888, enquanto que o projecto definitivo para esta linha foi aprovado por por uma portaria de 11 de Janeiro do ano seguinte.[6] A alteração de bitola foi criticada, pois previa-se que a utilização de via larga iria tornar a construção mais difícil e dispendiosa, especialmente no troço da Lousã a Arganil.[8]
Falência da Companhia do Caminho de Ferro do Mondego
Desde o princípio das obras que existiram conflitos contra os habitantes e a imprensa de Coimbra, que contestaram o traçado original, pelo Vale de Coselhas[9]; o traçado alternativo, pelo centro da cidade, também levantou protestos, uma vez que se previa um grande desenvolvimento do trânsito nas artérias atravessadas pela linha.[5]
Estas disputas resultaram em vários atrasos na construção, e, consequentemente, de prejuízos para a empresa, pelo que, quando surgiu uma crise económica, a situação financeira da Companhia deteriorou-se a ponto dos trabalhos terem de ser interrompidos[9], quando já se encontravam bastante avançados, na primeira secção.[6] Outra razão apontada para a suspensão das obras prendeu-se com os vários conflitos que a Companhia tinha com o empreiteiro.[6] Nessa altura, já tinham sido gastos mais de um milhão de réis na construção.[7] Em 24 de Outubro de 1895, o Tribunal do Comércio de Lisboa concedeu à Companhia a cessação de pagamentos, como tinha sido requerido.[7]
A Companhia do Mondego requereu ao governo, por diversas vezes, o adiamento do prazo para a conclusão deste caminho de ferro, o que lhe foi concedido, após um parecer positivo da Junta Consultiva de Obras Públicas e Minas; o último prazo foi fixado em 31 de Outubro de 1896, mas com a condição da Companhia realizar algumas reparações no troço já construído, e modificações nas vias públicas.[7] A Companhia entrou, no entanto, em falência no dia 18 de Fevereiro de 1897[6], por sentença do Tribunal do Comércio[7]; ao abrigo da lei de 9 de Novembro de 1893, esta empresa passou, então, a ser dirigida por um conselho fiscal, formado por representantes dos credores, do Governo e da própria Companhia.[7]
Em 1902, o conselho fiscal solicitou o apoio do chefe do Partido Progressista, José Luciano de Castro, para obter uma rápida deliberação do governo sobre os projectos que estavam a ser discutidos para a conclusão desta ligação ferroviária[10]; nesse ano, as obras ainda se encontravam suspensas, e as infra-estruturas estavam a começar a degradar-se.[11]
Em Março do ano seguinte, já tinha sido acordado, entre a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e a Companhia do Caminho de Ferro do Mondego, que a exploração da linha seria entregue à Companhia Real, depois de ter sido construída; previa-se, assim, que as obras seriam brevemente retomadas.[12]
Desde a tomada de posse que o conselho fiscal tentou chegar a um acordo com o empreiteiro, a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses e os credores, tendo chegado, após várias tentativas, a uma solução: a Companhia do Mondego iria emitir 350 mil réis nominais de obrigações de 5%, amortizáveis num prazo de 25 anos, e aplicar o produto desta emissão nas obras de conclusão da primeira secção da linha, no pagamento de várias despesas urgentes, e na aquisição de materiais para o empreiteiro.[7] Por seu lado, a Companhia Real iria explorar a linha por 25 anos, recebendo, pelo serviço de exploração, 500$000 réis por ano e quilómetro, e o empreiteiro iria entregar os materiais existentes.[7] Para garantir a colocação das obrigações, o conselho fiscal solicitou uma garantia inferior a 3%, pelo que levou um projecto de lei à Câmara dos Deputados.[7]
Este projecto de lei foi apresentado pelo Ministro das Obras Públicas, e votado, com uma ligeira alteração, na sessão nocturna da Câmara dos Deputados de 11 de Maio de 1903.[7] Este diploma tinha como propósito autorizar o governo a adiantar, anualmente, 10:500$000 réis à Companhia do Mondego, pelo Fundo Especial de Caminhos de Ferro; este montante era necessário para, junto com o rendimento líquido da exploração do Caminho de Ferro de Coimbra a Arganil, alcançar a quantia de 24:883$375 réis, correspondente à anuidade necessária para o juro de 5% e a amortização, em 25 anos, de um empréstimo de 250:000$000 réis em obrigações, a serem emitidas pela Companhia.[7] No entanto, ao subsídio teriam de ser retirados os impostos de selo e de trânsito, avaliados em cerca de 2:000$000 réis por ano, reduzindo o valor para 8:500$000 réis.[7]
Este processo era indispensável para concluir a construção da linha, e tornar definitivo o contrato anterior, realizado com a Companhia Real.[7] Quando o rendimento quilométrico da linha se apresentasse superior a 1:327$758 réis, o governo deixaria de auxiliar a Companhia, uma vez que a partir desse valor já se assumiria que teria rendimentos próprios para assegurar os encargos; e quando atingisse um valor superior à anuidade das obrigações, começaria a reembolsar o Estado pelas quantias entregues, com um juro de 5%.[7]
Em 22 de Novembro de 1904, foi assinado um novo contrato com a Companhia Real, passando esta empresa a construir e explorar a linha.[6]
Inauguração da linha até à Lousã
Em Março do ano seguinte, as obras já tinham sido retomadas, estando em construção os troços junto a Portela, Carroulo e Treniva, e estava-se a trabalhar na ligação entre a ponte da Portela e o viaduto de passagem para as Torres.[13] Em Agosto, já se tinha iniciado a extracção de areia do Rio Mondego, para ser utilizada nos trabalhos de balastragem, e já tinham começado as obras na estrada da Beira.[14]
A abertura à exploração até à Lousã foi realizada no dia 16 de Dezembro de 1906, pela Companhia Real.[6]
Troço entre Lousã e Serpins
O Decreto 8:910, publicado pelo Ministério do Comércio e Comunicações em 8 de Junho de 1923, concedeu à Companhia do Caminho de Ferro do Mondego uma garantia de juro de 7%, para a emissão de um empréstimo, e respectiva amortização, para construir o então denominado Caminho de Ferro de Lousã a Arganil.[15] Este documento também estabeleceu que, após a abertura, a exploração deveria ser feita pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, e a construção deveria ser feita em duas secções, sendo a primeira entre a Estação da Lousã e a margem esquerda do Rio Ceira, junto à Estrada Distrital n.º 106, e a segunda secção, desde este ponto, até Arganil.[15]
A construção iniciou-se na Lousã, em Agosto de 1924[6], estando, em Julho de 1926, ainda em construção o troço entre Lousã e Góis.[16] Em Setembro, esperava-se que a linha chegasse à margem esquerda do Rio Ceira em meados do ano seguinte[17], e, em Novembro, foi aprovado o projecto de construção da Ponte de Serpins, sobre o Rio Ceira.[18]
No entanto, o elevado custo de construção em via larga, superior aos recursos disponíveis, não permitiu que a linha chegasse a Góis, até 1926; assim, voltou-se a considerar a modificação das vias para bitola métrica[19], tendo sido publicado, em 19 de Novembro de 1927, o decreto 14:775, que autorizou a Companhia do Mondego a alterar a bitola de via, nas linhas que já existiam, para 1 metro, sem interromper a circulação, e a utilizar esta bitola nas linhas que iriam ser construídas.[20] Este documento autorizou, igualmente, a Companhia a continuar a linha, de Arganil até Santa Comba Dão.[20] Esta directriz já tinha sido delineada no Plano da Rede na Bacia Hidrográfica do Mondego, com a Linha de Arganil a entroncar na Estação de Santa Comba Dão.[21]
Um relatório da Comissão Superior de Caminhos de Ferro do Ministério da Guerra, que foi uma das bases para a publicação do Plano Geral da Rede Ferroviária, publicado pelo Decreto 18:190, de 28 de Março de 1930, aconselhou a utilização de bitola larga nos troços de Tomar a Miranda do Corvo, e de Coimbra a Santa Comba Dão pela Lousã e Arganil, devido à funções que poderia ter na defesa do país; devido ao então preocupante panorama político que alastrava na Europa, não se podia colocar de parte a hipótese de Portugal ser invadido, motivo pelo qual existia a preocupação de manter um sistema de defesa eficaz, no qual os caminhos de ferro formavam um componente indispensável.[22] Por outro lado, o relatório do Conselho Superior de Caminhos de Ferro, que também contribuiu para o Plano, optava pelo uso de via estreita naquelas ligações.[22] Outro traçado sugerido pelos militares ligava, por via larga, o Peso da Régua ao Entroncamento, passando por Lamego, Viseu, Mangualde, Gouveia, Arganil e Tomar.[23] O governo atrasou, no entanto, a sua decisão, esperando primeiro pelo resultado de vários estudos, que deviam ser levados a cabo tão cedo quanto possível; por outro lado, também reconheceu a importância da projectada continuação de Arganil, por Espariz, a Gouveia e Viseu, de forma a ligar aquelas localidades ao Porto da Figueira da Foz.[22] Desta forma, a Linha de Arganil foi classificada sem bitola definida no Decreto 18:190[23]; o facto de não ter havido uma decisão definitiva sobre a bitola a utilizar resultou em atrasos consideráveis do processo de continuação da linha até Arganil.[22]
A abertura à exploração até Serpins foi realizada em 10 de Agosto de 1930, utilizando bitola ibérica.[6]
Variante prevista e continuação até Arganil
Como tinha sido previsto aquando da construção da linha, o traçado seguido, pelo centro da cidade, apresentou-se como um estorvo ao elevadíssimo volume de trânsito naquela zona, especialmente na Década de 1930.[5] Por outro lado, verificava-se, naquela altura, uma insuficiência em termos de infra-estruturas de exploração e gestão do material circulante, como armazéns de mercadorias e oficinas, que servissem o ramal; para suprir estas deficiências, foi construída a Estação Nova, que, no entanto, não pôde melhorar muito a situação, devido à falta de espaço disponível.[5] Um terceiro ponto prendia-se com as instâncias militares, que exigiam estruturas apropriadas para o transporte em massa de tropas e material de guerra, caso fosse necessário utilizar o ramal na defesa do país.[5] Assim, planeou-se construir uma estação central própria para o ramal, com todas as infra-estruturas necessárias à sua operação e para as então planeadas expansões e ramais, que formariam a rede ferroviária do Mondego.[5] A localização mais provável para esta nova interface seria no Vale de Coselhas, entre as pedreiras de Ingote e o Sítio do Arco Pintado, a cerca de 500 metros de distância da Estação de Coimbra-B.[5] A via passaria a Norte e a Este da cidade universitária, e a Sul de Tovim, entroncando com o traçado antigo junto ao Túnel da Portela.[5]
No Decreto 18:190, ficou definido que a Linha de Arganil ligaria a Estação de Coimbra-B a Santa Comba Dão, passando por Miranda do Douro, Lousã, Góis, Arganil e Espariz; nesta última localidade, partiria a Linha de Gouveia, que deveria terminar em Viseu, com estações em Torrozelo, São Romão, Seia, Gouveia e Mangualde.[24] A Linha de Arganil constituiria a espinha dorsal da rede ferroviária na zona entre os Rios Douro e Tejo, embora tivessem sido identificados alguns erros no traçado já construído.[25]
Em Abril de 1931, uma comissão foi formada para decidir o tipo de bitola a utilizar na linha.[26] Nos inícios de 1932, uma delegação, formada por representantes das autarquias de Arganil, Góis, Oliveira do Hospital, Santa Comba Dão e Tábua, foi recebida pelo Ministro do Comércio, Antunes Guimarães, requisitando a continuação da linha até Arganil; pediram, igualmente, para que se chegasse a uma decisão sobre o tipo de bitola a utilizar, e comprometeram-se a aceitar a bitola métrica, caso fosse mais prática e rápida de construir.[5] Em resposta, o Ministro assegurou que iria recomendar uma maior urgência à comissão técnica que estava a estudar o assunto, mas declarou que a construção não seria, para já, possível, devido à magnitude da obra, superior aos recursos do Fundo Especial de Caminhos de Ferro, que tinha sido reduzido devido à diminuição do tráfego ferroviário, e que iria ser necessário para a renovação da via nalguns troços dos antigos Caminhos de Ferro do Estado; previu, no entanto, um novo aumento naquele fundo, devido à melhoria da situação económica e à reorganização do transporte ferroviário.[26]
Século XXI
Em 2009 iniciou-se o projecto de conversão do ramal num metropolitano de superfície, denominado Metro [do] Mondego, tendo sido implementadas as infra-estruturas de apoio ao transporte rodoviário, que substituiu o transporte ferroviário durante a conversão[27].
A adaptação da via para sistema de metropolitano de superfície iniciou-se em 2 de Dezembro de 2009, entre Serpins e Alto de São João.
O projecto do Metro do Mondego é oposto pelo Movimento de Defesa do Ramal da Lousã, um grupo que defende a modernização do material circulante e infra-estruturas no ramal[28]. Este grupo exige, ainda, o calendário das obras de requalificação, e garantias de qualidade nos transportes alternativos[29].
No dia 4 de Janeiro de 2010 foi encerrado o tráfego ferroviário neste ramal, passando o serviço a ser assegurado por autocarros[30].
Em 6 de dezembro de 2014, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, assumiu, em Miranda do Corvo, o compromisso de candidatar ao novo quadro comunitário de apoio uma solução de mobilidade para o ramal ferroviário da Lousã, que está desativado.[31]
Ver também
Referências
- ↑ http://www.flickr.com/photos/rdstations/4080318064
- ↑ BRAZÃO, Carlos (1992). «CP Automotor». Madrid: Resistor, S. A. Maquetren (em espanhol). 2 (8). 29 páginas
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). 12 páginas
- ↑ Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, 2006:12
- ↑ a b c d e f g h i URBANO, Abel (1 de Abril de 1933). «A Defesa do País e a Rede Ferroviária da Bacia do Mondego» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1087): 199, 201. Consultado em 26 de Setembro de 2012
- ↑ a b c d e f g h i TORRES, Carlos Manitto (16 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1682). 64 páginas
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n CARDOSO, Soares (16 de Maio de 1903). «A linha de Arganil». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (370): 159, 160
- ↑ «A Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses em 1925» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (925). 197 páginas. 1 de Julho de 1926. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ a b «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (370): 169, 170. 16 de Maio de 1903. Consultado em 24 de Setembro de 2012
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361). 11 páginas. 1 de Janeiro de 1903
- ↑ «Balanço Ferro-viario». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (361). 2 páginas. 1 de Janeiro de 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (365). 75 páginas. 1 de Março de 1903. Consultado em 6 de Março de 2012
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (412). 91 páginas. 16 de Março de 1905
- ↑ «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (424). 16 de Agosto de 1905. 250 páginas. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ a b PORTUGAL. Decreto n.º 8:910, de 8 de Junho de 1923. Ministério do Comércio e Comunicações. Publicado no Diário da República n.º 124, Série I, de 12 de Junho de 1923
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- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (930). 16 de Setembro de 1926. 287 páginas. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 39 (934). 335 páginas. 16 de Novembro de 1926. Consultado em 7 de Março de 2012
- ↑ SOUSA, J. Fernando de (1 de Janeiro de 1927). «O Ano que Findou» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 40 (937): 1, 2. Consultado em 27 de Setembro de 2012
- ↑ a b PORTUGAL. Decreto n.º 14:775, de 19 de Novembro de 1927. Ministério do Comércio e Comunicações. Publicado no Diário da República n.º 283, Série I, de 22 de Dezembro de 1927
- ↑ URBANO, Abel (1 de Abril de 1934). «Ao Longo dos Caminhos de Ferro da Beira: Santa Comba Dão» (PDF). Lisboa. Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1111). 199 páginas. Consultado em 27 de Setembro de 2012
- ↑ a b c d URBANO, Abel (1 de Maio de 1933). «A Defesa do País e a Rede Ferroviária da Bacia do Mondego» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1089). pp. 269, 271. Consultado em 24 de Setembro de 2012
- ↑ a b SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1935). «"O Problema da Defesa Nacional" pelo Coronel Raúl Esteves» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1133): 102, 103. Consultado em 29 de Maio de 2013
- ↑ PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente. Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930
- ↑ URBANO, Abel (16 de Março de 1933). «A Defesa do País e a Rede Ferroviária da Bacia do Mondego» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 46 (1086). 169 páginas. Consultado em 29 de Maio de 2013
- ↑ a b «Linhas portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 45 (1058). 54 páginas. 16 de Janeiro de 1932. Consultado em 26 de Setembro de 2012
- ↑ «INFRA-ESTRUTURAS DAS PARAGENS DOS SERVIÇOS ALTERNATIVOS». Metro do Mondego. 28 de Setembro de 2009. Consultado em 22 de Outubro de 2009
- ↑ «Viajar como sardinha enlatada no Ramal da Lousã». Diário de Coimbra. 6 de Outubro de 2009. Consultado em 22 de Outubro de 2009
- ↑ «Manifestação marcada em defesa do Ramal da Lousã». ESQUERDA. 6 de Novembro de 2009. Consultado em 7 de Novembro de 2009
- ↑ «"Ramal da Lousã - Interrupção da circulação"». Avisos da CP. Consultado em 19 de Fevereiro de 2012 Parâmetro desconhecido
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ignorado (ajuda) - ↑ «Passos Coelho assume compromisso para solução no Ramal da Lousã»
Bibliografia
- Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externas
- «Página oficial do Metro do Mondego»
- «Blog oficial do Movimento de Defesa do Ramal da Lousã»
- «Página oficial da Rede Ferroviária Nacional»
- «Galeria de fotografias do Ramal da Lousã, no sítio electrónico Transportes XXI»
- «Artigo sobre o Ramal da Lousã e o serviço das UDD 0450, no sítio electrónico Transportes XXI»