Maria Bagrationi
Maria de Alânia | |
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Imperatriz bizantina (consorte) | |
Maria de Alânia. Iluminura no Manuscrito Coislin, atualmente na Biblioteca Nacional da França. | |
Reinado | 1071 — 1081 |
Consorte | Miguel VII Ducas Nicéforo III Botaniates |
Antecessor(a) | Eudócia Macrembolitissa |
Sucessor(a) | Irene Ducena |
Nascimento | c. 1050 |
Reino da Geórgia | |
Morte | depois de 1103 (53 anos) |
Nome completo | Marta da Geórgia |
Dinastia | Bagrationi |
Pai | Pancrácio IV da Geórgia |
Mãe | Borena de Alânia |
Título(s) | Rainha da Geórgia |
Filho(s) | Constantino Ducas |
Maria de Alânia[1] (nascida Marta[2]; em georgiano: მართა), dita Bagrationi (da Dinastia Bagrationi), foi a imperatriz bizantina entre 1071 e 1081, esposa de Miguel VII Ducas e, depois, de Nicéforo III Botaniates. Quando se casou, a georgiana Maria era uma das duas únicas princesas não-bizantinas a terem se casado com um herdeiro bizantino - a outra era Berta (Eudócia) da Itália[3] - e a única a dar à luz um herdeiro[4], embora ele não tenha conseguido suceder ao pai. Deve ser lembrado, contudo, que Teodora da Cazária se casou com Justiniano II (r. 685-695; 705-711), mas ele já não era mais o herdeiro na época do casamento, e que ela deu à luz um herdeiro (Tibério), mas ele não sucedeu ao pai. Sua ascensão ao trono imperial do Império Bizantino foi considerado um importante sucesso para um reino recém-unificado como o da Geórgia, que só conseguiria ter alguma influência regional durante o reinado do sobrinho de Marta/Maria, o rei David IV (r. 1089–1125), que se recusou a ter um título bizantino.
Primeiros anos e ascensão ao trono
Sendo filha de Pancrácio IV (r. 1027–1072), um monarca georgiano, Marta estava na linha de sucessão ao trono de seu país, logo atrás de seu irmão, o futuro Jorge II (r. 1072–1089). Com a tenra idade de 5 anos, ela foi enviada a Constantinopla para aprimorar sua educação na corte bizantina sob a proteção da imperatriz Teodora em 1056, mas ela morreu no final do mesmo ano e Marta retornou para casa. Em 1065, ela se casou com o futuro imperador Miguel VII Ducas (r. 1071–1078), um filho de Constantino X Ducas, e se tornou imperatriz quando Miguel ascendeu ao trono em 1071. O casamento deles seria uma novidade, pois os membros da família imperial bizantina geralmente só se casavam com gregos e, entre os poucos casos de gregos se casando com "bárbaros" não-gregos, estava o casamento de Romano II (r. 959–963) com Berta da Itália e de Justiniano II se casando com Teodora da Cazária.
Este período do casamento de Maria foi manchado pelos fracassos militares de Miguel na Anatólia contra os turcos seljúcidas e também pela desvalorização da moeda, o que provocou uma crescente insatisfação que culminou num golpe em 1078 que derrubou o imperador e colocou Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081) em seu lugar. Miguel foi tonsurado e se tornou um monge no Mosteiro de Estúdio, enquanto que Maria foi trancafiada no Mosteiro de Pétrio com o filho, Constantino Ducas (r. 1074-1078; 1081-1088), mas sem se tornar freira, o que provavelmente indica que ela já tinha planos de retornar à corte imperial.
Segundo casamento
A esposa do novo imperador morreu logo depois de sua ascensão e ele anunciou sua intenção de se casar novamente, o que iniciou uma feroz disputa entre todas as garotas solteiras de Constantinopla, um furor que tomou até Maria, sua antiga sogra Eudócia Macrembolitissa e a filha dela, Zoe Ducena. Nicéforo estava inclinado a se casar com Eudócia, mas Maria recebeu um forte apoio de seus parentes entre os Ducas, que convenceram Nicéforo a selecioná-la por sua beleza e pelas vantagens de ter uma esposa estrangeira sem parentes locais para interferir no governo[5]. Além disso, com esta escolha, Nicéforo conseguiu pacificar os que ainda eram leais ao deposto Miguel Ducas[6].
Como o primeiro marido de Maria, Miguel, ainda estava vivo, mesmo sendo um monge, seu casamento com o novo imperador foi considerado adultério pela Igreja Ortodoxa e um dos aliados mais proeminentes de Maria, João Ducas, teve que demover um sacerdote que se recusara a realizar a cerimônia, substituindo-o por outro que concordou em casá-los em 1078[7]. Como parte do acordo de casamento, Maria recebeu a promessa de que o filho dela seria nomeado herdeiro do império, mas Nicéforo se negaria a cumpri-la no futuro. Apesar disso, durante o reinado dele, Maria foi tratada como uma igual e recebeu imensas quantidades de terras e propriedades, com Nicéforo chegando a ponto de dar ao irmão dela, Jorge II (r. 1072–1089), um título de césar para reconhecer seus laços próximos com a família imperial[8].
Maria e o segundo golpe
De acordo com a princesa e historiadora Ana Comnena, filha do imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) que estava sob os cuidados de Maria, apesar de toda a influência que imperatriz tinha na corte, ela continuava insatisfeita com a recusa de Nicéforo em nomear o filho dela, Constantino, como herdeiro: "[Nicéforo] asseguraria sua própria segurança até o fim... a imperatriz, adicionalmente, teria confiado mais nele; ela teria sido mais leal. O velho não percebeu a injustiça e a inconveniência de seus planos, sem saber que estava assim trazendo o mal sobre sua própria cabeça".[9]. A imperatriz se tornou uma parte importante da conspiração organizada pelo general Aleixo Comneno, que, diziam os boatos, era amante da imperatriz. Aleixo forçou Nicéforo a abdicar ao trono e se fez coroar em 1081. Ele também proclamou Constantino herdeiro do trono e, posteriormente, deu-lhe a mão de sua filha, Ana Comnena, em casamento. Esta situação mudou drasticamente quando Aleixo teve um filho, o futuro imperador João II Comneno (r. 1118–1143), com a imperatriz Irene Ducena em 1087: o noivado de Ana com Constantino foi desfeito e Constantino perdeu o status de herdeiro-aparente, enquanto que Maria foi forçada novamente a se retirar para um mosteiro. Os anos da influência dela na corte, porém, ficaram evidentes quando Constantino recebeu novamente o título de co-imperador, uma honraria mais elevada que a do irmão mais velho do imperador, Isaac Comneno, e Maria recebeu uma garantia a respeito de sua segurança pessoal[10]. Maria também ficou encarregada da criação da jovem princesa Ana Comnena, de quem se tornou confidente e amiga[11].
Vida depois do trono
Após ser deposta e o breve período no mosteiro, Maria viveu no Palácio de Mangana, onde ela organizou uma "corte alternativa" como mãe do co-imperador e madrasta-nomeada da filha mais velha do imperador. Apesar de oficialmente ser uma freira e vestir o hábito, esta transição fez pouca diferença para o estilo de vida de Maria e ela continuou com suas habitais atividades caridosas, incluindo doações para o mosteiro georgiano de Iviron em Monte Atos, e a construção de um convento chamado Capata em Jerusalém com a sua mãe, Borena de Alânia. Maria também era muito rica e era dona do Palácio de Mangana, além do Mosteiro de Hebdomo, onde foi sepultado Basílio II Bulgaróctono (r. 976–1025)[12]. Maria também patrocinava diversos escritores, incluindo Teofilacto de Ácrida, o futuro arcebispo da Bulgária, e um neo-platonista georgiano chamado João Petrici.
Últimos anos
Após o filho de Maria, Constantino, ter morrido em 1096, ela finalmente se mudou para um mosteiro, supostamente numa área de forte influência georgiana como o nordeste da Anatólia. Ela continuou sendo uma referência em sua terra natal, o que resultou em um crescimento no número de casamentos entre as casas reais bizantina e georgiana, e fortaleceu os laços de amizade entre os dois países[13]. Maria também foi uma influência para as mulheres comnenas, que se impressionavam com a habilidade política e as obras caridosas da imperatriz[14].
Ascendentes
Ancestrais de Maria Bagrationi | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Ver também
Maria Bagrationi Nascimento: c. 1050 Morte: fl. 1103
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Títulos reais | ||
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Precedido por: Eudócia Macrembolitissa |
Imperatriz-consorte bizantina 1071–1081 |
Sucedido por: Irene Ducena |
Imperatriz-mãe do Império Bizantino 1078
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Referências
- ↑ A mãe de Maria era Borena de Alânia, a segunda esposa de Pancrácio IV da Geórgia.
- ↑ Numa lista de comemorações aos georgianos mais proeminentes, o religioso conselho de Ruis-Urbnisi, organizado pelo sobrinho de Maria, David IV, a imperatriz Maria é saudada como "Nossa Rainha Marta, a Augusta". Dolidze, Kartuli samartlis dzeglebi, 126.
- ↑ Byzantine empresses: women and power in Byzantium, AD 527–1204. Lynda Garland. p180
- ↑ Berta faleceu antes de consumar o casamento.
- ↑ Ana Comnena, A Alexíada 3.2.3–5 (Leib 1.107-8); Briênio, Historia, 253-5; João Escilitzes Cont. 181; Zonaras, Epitome, 3.722.
- ↑ Grierson. Catalogue of the Byzantine Coins in the Dumbarton Oaks Collection and in the Whittemore Collection, vol. 3.2 (Washington DC, 1973), 829
- ↑ João Escilitzes Cont. 177-8, 181–2; Zonaras, Epitome, 3.722; Briênio, Historia, 253-5;
- ↑ S. Rapp Jr., Imagining History at the Crossroads: Persia, Byzantium and the Architects of the Written Georgian Past (Unpublished Ph.D. dissertation, University of Michigan 1997), 567–70.
- ↑ Briênio, Historia, 221 fala sobre o 'ódio antigo' de Ana em relação ao césar e sua família; cf. Alexíada 3.2.1 (Leib 1.106).
- ↑ Ana Comnena, A Alexíada 3.4.6 (Leib 1.115-16); Zonaras, Epitome, 3.733; cf. Dölger, Regesten, 1064. Teofilato em sua Paideia Basilike, um discurso proferido talvez em 1085/86, trata Constantino como basileu, 'emperor' (Oratio 4, ed. Gautier 1.179).
- ↑ Ana Comnena, A Alexíada 3.1.4 (Leib 1.105)
- ↑ Ana Comnena, A Alexíada 2.4.6–7 (Leib 1.73-4)
- ↑ I. Dolidze, Kartuli samartlis dzeglebi, 126.
- ↑ Zonaras, Epitome, 3.761
Bibliografia
- Lynda Garland, Byzantine Empresses: Women and Power in Byzantium AD 527–1204, first edition (1999), Routledge, ISBN 0-415-14688-7, pages 180–186
- Lynda Garland (2006), Byzantine Women: Varieties of Experience, 800–1200' p. 91–124, ISBN 0-7546-5737-X
- J. M. Hussey, editor, The Cambridge Medieval History, Volume IV The Byzantine Empire, Part 1 Byzantium and Its Neighbours (Bentley House, 200 Euston Road, London: The Syndics of the Cambridge University Press, 1966), p. 793