Bad boy do rock nacional, vocalista Chor�o foi um dos porta-vozes dos jovens dos anos 90

Repert�rio do m�sico mesclou rap, hardcore, ska, reggae e letras rom�nticas, influenciando v�rias bandas e atraindo f�s no s�culo 21

por Eduardo Trist�o Gir�o 08/03/2013 07:00

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Breno Fortes/CB/D.A. Press 9/9/05
(foto: Breno Fortes/CB/D.A. Press 9/9/05)
Talvez soe exagerado falar no legado de Chor�o, cantor e compositor da banda Charlie Brown Jr., que morreu esta semana. Mas n�o h� como ignorar: a sonoridade forjada por ele � frente do grupo paulista se tornou uma das faces do rock brasileiro na virada dos anos 1990 e, consequentemente, influenciou uma s�rie de bandas surgidas desde ent�o.

Prefer�ncias e antipatias � parte, o pol�mico vocalista soube arrebatar o p�blico jovem ao unir seu discurso � mistura benfeita de rock, hardcore, ska, reggae e rap. Para isso, hits n�o faltaram. E, logo no primeiro disco, 'Transpira��o cont�nua prolongada' (1997), foram pelo menos cinco: 'O coro vai com�!', 'Proibida pra mim (Grazon)', 'Tudo que ela gosta de escutar', 'Quinta-feira' e 'Gimme o anel'. Depois vieram sucessos que garantiram a presen�a da banda de Chor�o na m�dia e em festivais pelo Brasil, como 'Z�io de lula', 'Te levar' (tema de abertura da novelinha 'Malha��o'), 'N�o � s�rio', 'N�o uso sapato' e 'Hoje eu acordei feliz'.

Ao lado de bandas como Raimundos, Chico Science & Na��o Zumbi e Planet Hemp, Charlie Brown Jr. ajudou n�o apenas a manter vivo o rock brasileiro na d�cada de 1990, mas tamb�m a renov�-lo. O sucesso da est�tica baseada em variadas vertentes musicais abriu espa�o para novos grupos, enquanto Chor�o consolidava estilo pr�prio ao microfone, refor�ando a imagem de skatista bad boy. Curiosamente, foi dos raros cantores daquela nova cena a falar de amor. Uma de suas can��es rom�nticas fez sucesso at� na voz de Zeca Baleiro.

“Nunca negamos a influ�ncia do Charlie Brown Jr. Comparavam o Detonautas com o grupo e diz�amos que ele foi uma inspira��o. Depois, amadurecemos e desenvolvemos a nossa pr�pria personalidade. O Charlie Brown Jr. sempre foi banda de grande performance, mas, particularmente, eu me identificava muito com as letras, as ideias e as mensagens que o Chor�o passava. Aquela banda era cultuada mesmo nos momentos em que a m�dia ignorou o rock. Um genu�no e benfeito rock em portugu�s”, analisa Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas, grupo formado em 1997.

Bandas criadas depois disso, como Fresno, Forfun e NX Zero, s�o a prova de quanto a m�sica de Chor�o � relevante. “No come�o da nossa banda, ele me influenciou muito e tem influ�ncia at� hoje. Mais tarde, viramos amigos. Ele conheceu meus pais, ficamos pr�ximos”, conta Diego Ferrero, vocalista do NX Zero. Lucas Silveira, vocalista e guitarrista do Fresno, diz que Charlie Brown Jr. e Raimundos eram as �nicas hist�rias de sucesso quando formou sua banda. “No primeiro show do Fresno, tinha covers do Charlie Brown Jr. A gente curtia muito mesmo”, relembra. 

EM BH

“Chor�o era o dia e a noite, o pico e o vale. Muito pol�mico. Com seu temperamento explosivo, podia ser um cara agressivo em certos momentos, mas tinha um cora��o enorme e lealdade dif�cil de se ver. Tinha tamb�m facilidade de compor e construir melodias. Tudo muito claro, com a linguagem do jovem e, ao mesmo tempo, muito po�tico”, afirma Luiz Felipe Barreto Perez, diretor da produtora Plural. Ele organizou v�rias edi��es do festival Pop Rock Brasil, em Belo Horizonte. Charlie Brown Jr. participou de cerca de seis edi��es. Em novembro do ano passado, Chor�o fez seu �ltimo show em BH. Os ingressos para a apresenta��o no Chevrolet Hall se esgotaram.

Perez conta que os dois se tornaram amigos. “Conheci Chor�o quando ele e a banda vieram pela primeira vez a Belo Horizonte, pouco depois de lan�ar o disco de estreia. Ningu�m os conhecia. Produzi o evento no Lapa Multshow, com Tihuana e O Surto na mesma noite. Veio todo mundo em apenas um �nibus, uma confus�o danada. O show fracassou, n�o teve p�blico. Criei afinidade com ele de cara, e me lembro de t�-lo levado ao Shopping Cidade para comprar uma touca”.

A banda sempre foi considerada headline no Pop Rock, afirma o produtor. “Sempre coloc�vamos o Charlie Brown para tocar o mais tarde poss�vel, para segurar o p�blico”, revela Luiz. A prop�sito, ele estava no show do grupo em 2002, no Mineir�o, quando a plateia destruiu parte do piso sobre o gramado e come�ou a atirar peda�os de madeira, ferindo espectadores. “O Chor�o me ajudou a pedir �s pessoas que parassem de fazer aquilo. Como ele era um �cone da rebeldia, acho que tiveram mais respeito e o acataram”, relembra Perez.


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